Logo
Tudo que você precisa saber sobre as eleições em um só lugar

Por que comemos doces quando estamos tristes ou estressados, segundo especialistas?

31/10/2025 14:36 O Globo - Rio/Política RJ

Em momentos de tristeza, ansiedade ou estresse, muitas pessoas recorrem aos doces como forma de conforto. Segundo especialistas, esse comportamento tem raízes tanto biológicas quanto emocionais.
O psiquiatra Javier García Campayo, do Hospital Miguel Servet, explica que o ato de comer em resposta a uma emoção negativa — como tristeza ou estresse — tem uma origem ancestral.
— Quando os humanos eram caçadores e coletores, não comíamos todos os dias. Só comíamos quando caçávamos animais grandes e, como a carne estragava rapidamente, tinha que ser consumida imediatamente — observa.
Ao longo do tempo, essa associação entre abundância e bem-estar persistiu.
— Até hoje, associamos celebrações, como casamentos ou aniversários, à comida. É a nossa forma habitual de celebrar — acrescenta o especialista.
Em outras palavras, comer tornou-se uma expressão social e emocional de recompensa. O açúcar, em particular, desempenha um papel especial nesse processo. García Campayo explicou que seu efeito eufórico e energizante o torna um rápido "refúgio" contra momentos de baixa emocional.
No entanto, ela alerta que esse alívio é apenas aparente:
— Esse pico de energia da glicose é rapidamente regulado pelo pâncreas, causando uma 'queda' que nos leva a buscar mais doces, criando um ciclo vicioso — diz.
Esse padrão, conhecido como alimentação emocional, não surge de uma necessidade física, mas sim da busca por conforto.
— Não comemos porque estamos com fome ou precisamos de energia, mas para nos sentirmos melhor — esclare.
A dopamina, o hormônio da recompensa, desempenha um papel nessa dinâmica, reforçando a sensação de prazer momentâneo. Estudos citados pela Cuídate Plus indicam que até 50% das pessoas com obesidade têm uma relação emocional com a comida, o que desmistifica a ideia de que o excesso de peso é simplesmente uma questão de força de vontade.
Alimentação consciente: uma ferramenta contra a fome emocional
Comer um pedaço de chocolate de vez em quando não é um problema. O risco surge quando a comida se torna a principal forma de lidar com emoções difíceis. Em resposta, García Campayo propõe uma estratégia baseada na alimentação consciente, uma prática que incentiva a reconexão com as sensações corporais e o reconhecimento de quando se come por fome genuína e quando se come por impulso emocional.
— Basta sentar e observar o processo de alimentação — destaca o especialista.
Essa observação começa antes da primeira mordida: identificar se você está com fome de verdade ou se busca aliviar a ansiedade ou a raiva. Depois, durante a refeição, trata-se de prestar atenção aos cheiros, sabores e texturas.
— A alimentação consciente envolve perceber o processo de mastigação e notar como os sabores emergem na boca. Você não precisa contar as mastigações, mas precisa perceber se o alimento está suficientemente mastigado antes de engolir — acrescenta.
Segundo estudos recentes citados pela Cuidate Plus, quem pratica essa técnica tende a melhorar a digestão, reduzir os níveis de ansiedade e desenvolver uma relação mais equilibrada com a comida. Além disso, o aumento da atenção plena protege contra o estresse, a depressão e a ansiedade, e fortalece qualidades como a curiosidade, a aceitação e os comportamentos pró-sociais, segundo García Campayo.

Fonte original: abrir