
Planalto contabiliza chance de Messias ser aprovado no Senado mesmo sem apoio de Alcolumbre
Aliados do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), e integrantes do Palácio do Planalto avaliam que o parlamentar vai “jogar parado” após a conversa com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a sucessão de Luís Roberto Barroso no Supremo Tribunal Federal (STF). O Palácio do Planalto contabiliza agora as chances de, mesmo sem Alcolumbre como cabo eleitoral, conseguir aprovar o nome do advogado-geral da União, Jorge Messias, o favorito a ser indicado.
Na conversa realizada na segunda-feira, Alcolumbre manifestou a preferência pela indicação do senador Rodrigo Pacheco (PSD-MG), seu aliado, mas ouviu de Lula a sinalização de que o escolhido será Messias.
De agora em diante, tanto o círculo mais próximo ao senador quanto interlocutores de Lula avaliam que Alcolumbre não fará gestos claros para atrapalhar Messias, que precisa ser aprovado na Casa, mas não pedirá votos pelo advogado-geral da União.
Pacheco, de acordo com senadores governistas e da oposição, não teria dificuldade de conseguir os 41 votos mínimos necessários para ser aprovado após sabatina na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. Alcolumbre teria reforçado isto a Lula, que também não fez menção a indicações para cargos como alento por preterir o ex-presidente do Senado para o posto.
Em nome da parceria com o governo, portanto, Alcolumbre não deve atuar contra o nome de Messias, mas não deverá ser cabo eleitoral após efetivada sua indicação. Além da relação de amizade, pesaria o fato de não querer se desgastar com senadores de centro e da direita que preferiam Pacheco por considerá-lo “mais ponderado”. Além disso, por ter sido presidente do Senado, a avaliação é que ele não assumiria na Corte uma postura crítica à atividade parlamentar. Um dos nomes que, no caso da indicação de Messias, deverão ter papel mais ativo na busca de votos é o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA), de quem Messias já foi chefe de gabinete.
A pecha de ‘novo Dino’
Na visão de parlamentares de centro e até mesmo da base do governo, Messias deve ter mais dificuldades para ser aprovado do que teria se fosse afiançado por Alcolumbre. Esses congressistas lembram do que aconteceu com o hoje ministro Flávio Dino, em 2023. Na ocasião, ele teve 47 favoráveis e 31 contrários, uma margem apertada.
A pecha de “novo Dino” pesa contra o possível indicado por Lula. Senadores lembraram, nesta terça, que após ter sido indicado por Lula e aprovado pela Casa, Dino determinou a suspensão do pagamento de emendas por não atenderem a critérios de transparência e rastreabilidade.
Alcolumbre é aliado do governo, tem indicações em ministérios e agências reguladoras e na semana passada fez um favor ao Planalto adiando a sessão do Congresso em que Lula possivelmente seria derrotado com a derrubada de vetos do licenciamento ambiental. Ontem, por outro lado, Alcolumbre teve uma vitória com o aval do Ibama para as pesquisas de exploração de petróleo na Foz do Amazonas.
Após tomar café da manhã com Lula nesta terça-feira, o líder do governo no Senado, Jaques Wagner (PT-BA) afirmou que o presidente está “convicto" da indicação de Messias. O gesto de Wagner, articulador político de Lula na Casa onde seu escolhido será sabatinado e submetido a votação no plenário, foi visto como uma preparação de terreno para o momento da indicação oficial. Wagner afirmou ainda que Lula que deve ter uma conversa com Pacheco após retornar da viagem à Ásia.
—Se ele não fez agora na ida, ele vai ter que fazer na volta. Ele ainda quer ter uma nova conversa com o Rodrigo. E acha que, no momento em que fizer o anúncio, seria mais próprio ele estar aqui, não fazer o anúncio e tchau — disse Wagner.
Aliados de Lula não veem perspectiva da que a conversa com Pacheco vá mudar o rumo da decisão do presidente. O petista tem Pacheco como seu plano A para disputar o governo de Minas Gerais em 2026 e deve reforçar isso ao senador. Ter um palanque forte no segundo maior colégio eleitoral do país é considerado decisivo para Lula na disputa presidencial do ano que vem:
— O presidente (Lula) continua convencido de que o melhor nome para disputar o governo de Minas é o Rodrigo (Pacheco). Óbvio que ninguém é candidato imposto, mas ele não pode dizer que quer o cara como governador e ao mesmo tempo tirar o cara do jogo. Fica complicado — completou Wagner.
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