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PF justifica operação que matou filho de escrivã no Pará: 'Ação ocorrida dentro do sistema de justiça criminal'

10/10/2025 19:46 O Globo - Rio/Política RJ

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Fernandes, se manifestou nesta sexta-feira (10) sobre a operação que terminou com a morte de Marcello Victor Carvalho de Araújo, de 24 anos, durante uma ação no bairro do Jurunas, em Belém, na quarta-feira (8). Filho de uma escrivã da Polícia Civil do Pará, Marcello foi baleado durante o cumprimento de um mandado de prisão contra o namorado de sua mãe, Marcelo Pantoja Rabelo, conhecido como “Marcelo da Sucata”, o verdadeiro alvo da operação.
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Rodrigues lamentou o desfecho da ação, mas afirmou que “não houve equívoco de endereço ou de pessoa”. Segundo ele, a equipe da PF agiu dentro dos parâmetros legais e se dirigiu ao local onde o alvo da investigação, acusado de envolvimento com grupo de extermínio, estava escondido.
A versão oficial aponta que, ao ingressar no imóvel, os agentes foram surpreendidos por uma reação de Marcello Victor, que não era investigado. Segundo a PF, o jovem teria agredido “violentamente” um policial, causando ferimentos que exigiram atendimento hospitalar e realização de exame de corpo de delito. Ainda de acordo com o diretor, Marcello também tentou tomar a arma de outro agente, o que teria motivado os disparos que o mataram.
— Já instauramos inquérito policial para apurar isso, fizemos perícia do local com peritos vindos inclusive de Brasília, preservando todo o ambiente. Fizemos a apreensão das armas, vamos fazer perícia balística, ouvimos todas as pessoas envolvidas e vamos, sob controle do Ministério Público e sob o crivo do Poder Judiciário, esclarecer cabalmente todo esse episódio — afirmou.
A ação fazia parte de uma investigação contra uma organização criminosa envolvida com tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro. A PF realiza, em média, 3 mil operações por ano, segundo o diretor, e incidentes com mortes são “felizmente reduzidos”.
Rodrigues informou que um inquérito foi aberto para investigar a morte, com acompanhamento do Ministério Público e do Poder Judiciário. Peritos da PF e da Polícia Científica do Pará estão envolvidos na análise, incluindo perícia balística e exame nas armas apreendidas.
— Não estou aqui para prejulgar nada nem ninguém. O que vai dizer o que houve será a investigação — afirmou.
Sobre os agentes envolvidos, o diretor disse que, como praxe, eles foram afastados temporariamente de ações operacionais, não como punição, mas para “preservação dos policiais”. Segundo ele, até o momento não houve nenhuma medida judicial contra os envolvidos.
Família contesta versão da PF
A versão apresentada pela corporação é contestada pela família de Marcello. Parentes afirmam que o jovem não estava armado e que se identificou no momento da abordagem, mas ainda assim foi baleado.
— O alvo seria o outro Marcelo. É um rapaz que eu tenho um relacionamento com ele, afetivo. Ele estava na minha casa no quarto comigo — disse a mãe de Marcello.
A mãe do jovem tentou se identificar como policial civil, mas teria sido impedida pelos agentes.
Outro ponto criticado pela família foi o tempo de remoção do corpo, que teria ficado no local por cerca de cinco horas até ser levado para o Instituto Médico Legal (IML).
Quem era Marcello Victor
Marcello Victor Carvalho de Araújo era formado em Educação Física e trabalhava como auxiliar administrativo na Polícia Civil. Era filho da escrivã Ana Suellen Carvalho e sobrinho-neto da promotora de Justiça Ana Maria Magalhães, do Ministério Público do Pará. Nas redes sociais, ele compartilhava registros de lazer e atividades esportivas, como jiu-jítsu.
O corpo do jovem foi sepultado na manhã desta sexta-feira. A conclusão do inquérito da PF ainda não tem prazo definido.

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