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'Parece Covid' diz moradora da ZN: Rio tem madrugada vazia após dia de megaoperação nos Complexos da Penha e Alemão

29/10/2025 08:01 O Globo - Rio/Política RJ

Após um dia de megaoperação das polícias Civil e Militar, nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio, a madrugada carioca foi marcada pelo silêncio, ruas vazias e estabelecimentos de portas fechadas em diversas regiões. Um cenário que começou a ser desenhado ainda durante a tarde desta terça-feira, depois do município entrar no estágio 2 do nivelador de risco, devido às interdições realizadas por traficantes nas Zonas Norte, Oeste, Sudoeste e Centro. Segundo a RioÔnibus, ao menos 71 coletivos foram usados como barricadas em diferentes pontos da cidade. Relatos de comerciantes também apontam que muitas lojas foram fechadas a pedido de criminosos e a volta para casa foi caótica. O clima de tensão também se fez presente no período da noite.
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Uma mulher passeava com o seu cachorro de estimação pela Praça Varnhagen, na Tijuca, Zona Norte do Rio, por volta das 23h, quando pontuou que estava se sentindo incomodada na rua por conta da solidão. "Parece Covid-19, né? Muito estranho", disse ela.
Realmente, se uma pessoa tivesse visitado o Rio de Janeiro nas primeiras semanas da Pandemia e só tivesse retornado ao município nesta madrugada, o cenário encontrado seria muito parecido. Conhecido como "Buxixo", o espaço onde a moradora transitava sozinha com seu pet é velho conhecido da boemia tijucana. É ponto de ofertas de bebida, comidas, sambas e entretenimento ao longo da noite, sete vezes por semana. Por isso, é comum que suas calçadas fiquem tomadas por pessoas, mas a cena não se repetiu na madrugada desta quarta-feira.
Os famosos bares e restaurantes estiveram todos fechados, as ruas tomadas por veículos ficaram vazias e as calçadas acostumadas a ouvir muitas histórias entre um brinde e outro, foram silenciadas pelo medo da população.
Buxixo, área boêmia na Tijuca vazia
Alexandre Cassiano
Zona Norte
No começo da madrugada desta quarta-feira, o Boulevard 28 de Setembro, em Vila Isabel, bairro vizinho da Tijuca, também dava sinais de uma noite deserta em outro ponto historicamente movimentado ao longo das noites. Ao percorrer toda a extensão da via, a equipe do GLOBO constatou quem só havia dois garis e dois catadores de material reciclável no local, além de um botequim aberto. O lugar tem fama por seus diversos bares e botecos que recebem rodas de samba e viraram inspiração para compositores como Noel Rosa e Martinho da Vila.
Em paralelo, a Rua Teodoro da Silva, que corta todo bairro fazendo a ligação de Vila Isabel, Grajaú e Andaraí com o Centro, também era um deserto em um único veículo, seja carro, ônibus ou moto, em toda sua extensão.
Boulevard 28 de setembro
Giampaolo Morgado
No Largo Verdun, no Grajaú, uma farmácia 24 horas baixou as portas e o entorno se mostrou sem qualquer movimento, assim como na região do Maracanã e na Avenida Rei Pelé (antiga Radial Oeste).
Já na rua Barão do Bom Retiro, no Engenho Novo, além da falta de movimento, o fechamento da autoestrada Grajaú-Jacarepaguá também chamou atenção nesta madrugada. "Via bloqueada. Proibida a Circulação". Com começo no bairro da Zona Norte, a via é uma das principais ligações entre a Zona Norte e a Zona Sudoeste do Rio.
Com nove quilômetros de extensão, ela corta diferentes comunidades do Complexo do Lins, área de domínio da facção Comando Vermelho (CV), alvo da megaoperação policial.
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Autoestrada Grajaú-Jacarepaguá interditada ao longo da madrugada de quarta-feira
Giampaolo Morgado
Por volta das 3h30 da madrugada, o Centro de Operações e Resiliência do Rio (Cor-Rio), informou que todas as vias da cidade ficaram liberadas para o trânsito de veículos. A última a ser liberada foi a autoestrada Grajaú-Jacarepaguá, sentido Jacarepaguá.
Zona Sul
A madrugada da Zona Sul do Rio também foi afetada pelo clima tenso da cidade. Após um trânsito intenso e problemas de mobilidade causadas pela volta para casa antecipada, o período da noite e a madrugada nesta região também tiveram muitos pontos vazios.
Na praça São Salvador, no bairro das Laranjeiras, não foi possível ver o tradicional agito das rodas de conversas e os bares lotados. Ao invés disso, poucas pessoas circulavam de forma apressada pelo local.
— Só estou de passagem, porque precisei ir ao mercado comprar alguns itens de urgência, mas estou correndo. Em uma noite qualquer, eu estaria vendo um jogo em alguma mesa, mas hoje é ficar quieto em casa — revelou um morador que preferiu não se identificar.
Imagem da Praça São Salvador, em Laranjeiras, na Zona Sul do Rio
Walter Farias
A situação se repetiu no Largo do Machado, bairro ao lado. Por lá, os estabelecimentos da rua Arno Konder, conhecidos pelo movimento até altas horas, estavam em sua maioria vazios e

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