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Paraguai reforça fronteiras um dia após classificar PCC e CV como organizações terroristas

31/10/2025 19:32 O Globo - Rio/Política RJ

O governo do Paraguai intensificou o controle migratório e de segurança em suas fronteiras, especialmente na divisa com o Brasil, um dia depois de declarar o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas. A decisão ocorre em meio ao aumento da tensão na região, após a megaoperação policial no Rio de Janeiro que deixou mais de 120 mortos.
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Em comunicado divulgado nesta sexta-feira (31), a Direção Nacional de Migrações (DNM) informou que está em “estado de alerta nos postos de imigração do país” e que as ações estão sendo realizadas “em coordenação com as demais instituições nacionais competentes em matéria de segurança e controle, sob a coordenação do Conselho de Defesa Nacional (CODENA)”.
Segundo o órgão, as forças de segurança estão realizando “controles migratórios e de trânsito transfronteiriço na Ponte Internacional da Amizade, na divisa com Foz do Iguaçu”, com o objetivo de verificar a entrada de pessoas vindas do Brasil e detectar possíveis integrantes de facções criminosas. A DNM também dará apoio a medidas semelhantes em outros pontos de fronteira, reforçando a vigilância em coordenação com as agências nacionais de segurança.
Na véspera, o presidente Santiago Peña havia presidido uma reunião do Conselho de Defesa Nacional na qual determinou o aumento do nível de alerta em todo o país, com foco nos departamentos de Amambay, Canindeyú e Alto Paraná, que fazem fronteira com o Mato Grosso do Sul e o Paraná. O encontro resultou na decisão do Executivo paraguaio de elaborar um decreto que declara o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC) como organizações terroristas.
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Além da megaoperação no Rio, outro fato que motivou a ação do governo paraguaio foi um assalto a banco em Katueté, povoado paraguaio situado a 60 km de distância do município de Mundo Novo, no Mato Grosso do Sul. Nesta quinta-feira (30), cerca de 50 homens usaram explosivos e um drone para roubar uma agência bancária. Os criminosos levaram quase 900 mil dólares, ou quase R$ 5 milhões.
"Após os recentes fatos registrados no Brasil e em Katueté, preparamos medidas imediatas para reforçar a segurança nacional e proteger todos os paraguaios. Ordenei elevar ao máximo o nível de alerta na fronteira e avançar na declaração do PCC e do Comando Vermelho como organizações terroristas. Crime organizado não acontecerá no Paraguai", se manifestou o presidente paraguaio no Instagram.
A medida permitirá, segundo o governo do país, aplicar penas mais severas e fortalecer a cooperação internacional em segurança e extradição.
"Essas organizações transcendem a criminalidade comum; são verdadeiros terroristas que ameaçam a vida das pessoas e a soberania do país", afirmou o secretário permanente do CODENA, contra-almirante Cíbar Benítez.
O ministro do Interior do Paraguai, Enrique Riera, destacou que o plano operacional já está em andamento, com vigilância aérea com drones "recentemente adquiridos" e coordenação entre unidades militares e policiais.
“A combinação das forças policiais e militares nos torna invencíveis. O Estado paraguaio utilizará toda a força disponível para proteger os cidadãos e garantir a segurança de nossas instituições democráticas”, afirmou Rieira.
Além do reforço nas fronteiras, o governo informou que aumentará a segurança em presídios que abrigam membros dessas facções e intensificará o combate ao contrabando e ao crime organizado durante o fim de ano. As autoridades afirmaram ainda que as medidas não afetarão o trânsito e as atividades comerciais nas regiões fronteiriças.
“Nenhum movimento militar ou policial deve gerar medo; essas ações são preventivas e visam proteger a população”, afirmou Benítez.
O endurecimento da segurança ocorre após a operação mais letal da história do Rio de Janeiro, que resultou em mais de 120 mortes nos complexos do Alemão e da Penha, e teve como alvo criminosos da cúpula do Comando Vermelho.

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