
Ondas de calor causarão meio milhão de mortes por ano
As ondas de calor, que cada vez mais estão frequentes, podem causar cerca de 500 mil mortes por ano em todo o mundo, caso os países não se adequem às mudanças climáticas. A informação é do Carlos Nobre, um dos mais importantes cientistas do mundo na área do climaDe acordo com o especialista, o Brasil e o mundo ainda estão longe de estar preparados para enfrentar os impactos cada vez mais frequentes dos eventos extremos relacionados ao clima, como as enchentes históricas e devastadoras do Rio Grande do Sul em 2024, mas afirmou que, entre os fenômenos climáticos, as ondas de calor são as que mais levam a mortes.Só neste ano, as altas temperaturas foram responsáveis por ao menos 16,5 mil mortes na Europa entre junho e agosto, segundo um estudo preliminar publicado em setembro pelo Imperial College London e pela London School of Hygiene & Tropical Medicine, em colaboração com cientistas do Instituto Meteorológico Real da Holanda e das universidades de Copenhague e Berna.
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Os pesquisadores usaram dados de 854 cidades, que representam 30% da população europeia. Segundo os autores, o excesso de mortalidade se deve a um aumento médio das temperaturas a 2,2 °C durante o verão europeu, com picos que atingiram 3,6 °C.Sinal vermelho para o BrasilNo Brasil, Nobre alerta para o fato de que a vulnerabilidade é ainda maior devido à falta de infraestrutura adequada para lidar com o calor. Ele citou que apenas 20% a 22% das residências brasileiras têm ar-condicionado, e que “pouquíssimas cidades possuem áreas verdes suficientes para reduzir a temperatura”.Os eventos climáticos extremos causados pela chuva também gera um alto risco ao país, observa o especialista, como o ocorrido em abril e maio de 2024 no Rio Grande do Sul. A maior tragédia registrou mais de 2,3 milhões de pessoas afetadas em 478 municípios, com centenas de mortes e desaparecidos.Estudos do Serviço Geológico Nacional (Semadem) mostram que milhões de brasileiros vivem em áreas de altíssimo risco, expostos a deslizamentos, inundações e enxurradas provocadas por chuvas intensas, como as registradas em território gaúcho.Para o cientista, o país precisa repensar suas políticas habitacionais como prevenção à crise climática. “Nós temos que criar, vamos dizer assim, aquele programa 'Minha Casa, Minha Vida', que o Brasil criou muito bem há algum tempo atrás, devia ser 'Minha Casa Sustentável para Salvar Minha Vida” , sugeriu.
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