Não quero uma invasão dos EUA na Venezuela, diz Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva rejeitou nesta terça-feira uma possível incursão terrestre dos Estados Unidos na Venezuela e reiterou sua disposição de mediar o conflito entre os dois países. A fala do petista se dá em meio a uma grande mobilização militar no Caribe protagonizada pelo presidente americano, Donald Trump, com uma série de operações contra supostos narcoterroristas que já deixou dezenas de mortos.
Janaína Figueiredo: Lula teme ataque à Venezuela
Bastidores do encontro Lula-Trump: Rubio defendeu ações militares no Caribe, e Brasil saída 'política e diplomática'
— Não quero que a gente chegue a uma invasão terrestre [da Venezuela por forças militares dos Estados Unidos] — declarou Lula em Belém, no Pará, durante uma entrevista a agências de notícias internacionais, incluindo a AFP.
Initial plugin text
— Eu disse ao presidente Trump: problema político a gente não resolve com armas. A gente resolve com diálogos — acrescentou, lembrando do encontro que teve com o homólogo em Kuala Lumpur, Malásia, no mês passado.
Lula, que está em Belém para liderar a cúpula de líderes da COP30 do clima na quinta e sexta-feira (6 e 7 de novembro), afirmou que os Estados Unidos poderiam tentar ajudar os países em seu combate ao tráfico de drogas em vez de tentar "atirar contra esses países".
Tensão no ar: República Dominicana adia Cúpula das Américas devido à 'situação da região', diz Ministério das Relações Exteriores
O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, acusado por Trump de liderar um cartel de drogas, afirma que o verdadeiro objetivo de Washington é "impor uma mudança de regime" em Caracas e apoderar-se do petróleo venezuelano.
Lula indicou que a questão será abordada em uma cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac), agendada para os dias 9 e 10 de novembro na cidade colombiana de Santa Marta.
Mediação rejeitada
Há uma semana, o presidente Lula aproveitou seu primeiro encontro com o chefe de Estado americano para defender uma saída “política e diplomática” para a crise no país vizinho e propor a participação do Brasil como facilitador numa eventual negociação. A proposta de Lula a Trump foi muito mal recebida pela líder opositora venezuelana María Corina Machado, que, em entrevista ao GLOBO, afirmou que “algo assim nunca seria aceito pelos cidadãos venezuelanos”.
Escondida em algum lugar dentro do território venezuelano, María Corina voltou a defender as ações militares dos EUA na região e, perguntada sobre recente reportagem da agência Reuters que afirma que membros de sua equipe e ela própria — por meio de chamadas de vídeo — participaram de várias reuniões com membros do governo Trump para ajudar a elaborar uma narrativa que sustente o assédio militar ao governo de seu país, confirmou contatos com funcionários americanos em Washington, mas evitou dar detalhes de sua relação com a Casa Branca.
Maria Corina Machado: Nobel da Paz tem paradeiro misterioso e 'elo próximo' com governo Trump
A decisão de Lula de falar sobre a crise na Venezuela com Trump incomodou a líder opositora. Ao explicar o que opinava sobre a proposta feita pelo presidente brasileiro — à qual o chefe de Estado americano ainda não respondeu — María Corina não escondeu sua irritação:
— O presidente Lula, como todos os governos do mundo, sabe que Maduro foi derrotado [nas urnas]. A pergunta [para Lula ] é: os venezuelanos somos cidadãos de segunda classe, não temos direito a escolher e a que nossa vontade seja respeitada?
(Com AFP)
Fonte original: abrir