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Mineração, inteligência artificial e a ´Licença Social´

26/10/2025 10:58 A Tarde - Política

A Expo & Congresso Brasileiro de Mineração (EXPOSIBRAM) que acontece em Salvador entre 27 e 29 do mês corrente, é reconhecida como um dos eventos mais importantes do setor mineral na América Latina. Realizada anualmente pelo IBRAM, reúne as principais entidades do setor, tornando-se a maior vitrine para a geração de negócios na área. Durante o evento, o congresso promove debates sobre cenários atuais e revela as tendências, oferecendo uma oportunidade para profissionais e empresas se atualizarem e se conectarem.Organização privada, sem fins lucrativos, com mais de 300 associados responsáveis por 85% da produção mineral do Brasil, o IBRAM está alinhado aos princípios da sustentabilidade. Indutor das práticas de Governança Socioeconômica e Ambiental - ESG (destacamos ´socioeconômico´ como fidúcia para a sustentabilidade) suas ações são direcionadas a construir uma nova perspectiva para a mineração brasileira, fortalecendo as relações entre mineradoras e o público, e incentivando a inovação para o desenvolvimento sustentado da indústria mineral.A Bahia, que este ano sedia o evento, destaca-se internacionalmente por ter uma das maiores geodiversidades do planeta e ser único estado brasileiro com cinco biomas distintos: Cerrado, Semiárido, Mata Atlântica e os biomas Costeiro e Marinho. A presença da mineração em todos os biomas, inclusive no marinho - conhecido como Amazônia Azul -, confere um status singular que precisa ser divulgado. Segundo a Agência Nacional de Mineração (ANM), a Bahia registrou a produção de 54 tipos de substâncias minerais, caso único no país.Atentas aos movimentos globais do setor mineral, as principais agências de risco do mundo – Standard & Poors, Moody`s e Fitch – seguidas das chamadas "big 4" ́(maiores empresas de auditoria e governança global: PwC, Delloite, Ernst Young e KPMG) observam empresas nas bolsas de valores que, por sua vez, exigem relatórios ESG para avaliarem a performance das mineradoras nos municípios, vigiando compliances e atribuindo notas. Nessa era da ‘eco-nomia digital’, onde a descarbonização é uma imperiosa necessidade, os algoritmos da inteligência artificial analisam localmente minas e biotas municipais. A mineração é responsável por cerca de 7% das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo a McKinsey.A Inteligência Artificial (IA) está emergindo como um dos principais motores da transformação e sustentabilidade na indústria de mineração, impulsionando a eficiência, a segurança e a responsabilidade socioambiental. A capacidade da IA de processar grandes volumes de dados (Big Data) e tomar decisões autônomas ou preditivas está revolucionando a maneira como as minas são exploradas e operadas, e como os municípios organizam a gestão de seu território.Ao mesmo tempo em que é uma atividade com dimensões e investimentos globais, a mineração é executada no chão do município, usando mão-de-obra local. A população precisa ser capacitada e estar ciente do potencial de seu subsolo, habilitando-se para trabalhos que agreguem localmente valores aos minérios e a seus rejeitos, mitigando impactos no ambiente municipal. Neste sentido, a ‘Licença Social’ – ágrafa, outorgada pelas comunidades e conectada diretamente com investidores e bolsas de valores do mundo é, talvez, a mais cuidada entre todas as licenças, porque tem o poder de graduar a reputação local, nacional e internacional, de qualquer empresa.A nível global, o plano de ação da International Mining and Metals Association (ICCM), com sede em Londres, estabelece prioridades estratégicas para alcançar avanços da indústria mineira nas áreas críticas do desempenho social, governança e inovação, dentro dos princípios da agenda ESG. “Incentivamos a liderança por meio da colaboração para aumentar a contribuição da mineração para o desenvolvimento sustentável local, permitindo ações ambiciosas que impulsionam a melhoria do desempenho em escala”, afirma Ro Dhawan, CEO da ICCM.O foco da ICCM na dimensão ESG evidencia as ações das empresas mineradoras, e de toda a cadeia produtiva a nível global e local, revelando impactos positivos e negativos nos territórios. Precavidos, os investidores inovadores estão cuidadosamente olhando para pessoas e municípios onde a mineração acontece.Eduardo Athayde é diretor do WWI no Brasil. eduathayde@gmail.com

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