Mesmo proibido pela Constituição, Trump não descarta concorrer a um terceiro mandato: 'Eu adoraria fazer isso'

O presidente dos EUA, Donald Trump, abordou nesta segunda-feira uma de suas polêmicas políticas favoritas: a possibilidade de concorrer a um terceiro mandato. Sem descartar a hipótese, afirmou que “adoraria” ter a chance de passar mais quatro anos na Casa Branca, apesar de proibido pela Constituição. Trump não é o único a ventilar a ideia, e na semana passada um de seus aliados afirmou que há um plano para levá-lo mais uma vez às urnas.
— Eu adoraria fazer isso — disse Trump, a bordo do Air Force One, durante viagem à Ásia, quando questionado sobre uma candidatura presidencial em 2028. — Tenho meus melhores números de todos os tempos. É terrível. Tenho meus melhores números.
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Os jornalistas insistiram, e mais uma vez Trump se esgueirou.
— Não estou descartando [concorrer novamente]? Você vai ter que me dizer — afirmou. — Tudo o que posso dizer é que temos um grupo muito, muito grande de pessoas, o que eles (democratas) não têm.
Ratificada em 1951, a 22ª Emenda Constitucional estabelece que um presidente só pode comandar o país por dois mandatos, consecutivos ou não. Alguns aliados de Trump já sugeriram a remoção da emenda, mas o caminho legal e político é longo: para repelir uma emenda, é necessário aprovar uma nova emenda (como aconteceu na derrubada da Lei Seca, em 1933), com o apoio de dois terços da Câmara e do Senado, ou dois terços dos governos estaduais. Ao ser perguntado se está disposto a lançar uma batalha legal do tipo, Trump afirmou que “não pensou nisso”.
Outra hipótese é Trump concorrer a vice-presidente e, após a vitória e a posse, o presidente eleito renunciar, permitindo seu retorno ao Salão Oval.
— Sim, eu poderia fazer isso — disse o presidente, apesar da falta de consenso sobre a legalidade da manobra. — [Mas] eu descartaria essa possibilidade porque é fofo demais. Acho que as pessoas não gostariam. É fofo demais. Não seria certo.
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Em uma aparente tentativa de mudar o assunto, ele sugeriu que dois membros de seu governo poderiam formar a chapa republicana daqui a três anos.
— Temos ótimas pessoas. Não preciso entrar em detalhes, mas temos uma delas aqui. Temos, JD [Vance], obviamente o vice-presidente é ótimo. O Marco [Rubio, secretário de Estado] é ótimo — disse. Acho que se eles algum dia formassem uma chapa, seria imparável. Sério. Acredito nisso.
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Essa não foi a primeira vez que Trump sugere o desejo de concorrer novamente à Casa Branca. Há uma semana, ele publicou um vídeo em suas redes sociais no qual, usando capas falsas da revista Time, sugeria que quer ficar no poder “para sempre”. Dias antes, durante reunião com lideranças do Congresso para discutir a paralisação do governo federal, deixou à mostra em sua mesa bonés vermelhos com a inscrição “Trump 2028”.
— Foi a coisa mais aleatória do mundo, porque estávamos sentados lá, tendo uma conversa séria, e de repente apareceram dois chapéus vermelhos — afirmou o líder da minoria democrata, Hakeem Jeffries, a jornalistas. — Estávamos lá por motivos sérios, então não foi realmente uma parte importante da discussão. Foi teatral.
Desde abril, a "loja oficial" de Trump já oferece o boné em seu site, afirmando que "tempos brilhantes estão pela frente".
Boné vendido pela loja oficial de Donald Trump
Reprodução
Há um quê de teatro, um quê de busca por espaço na mídia, e um quê (importante) de seriedade nas conversas sobre o terceiro mandato. Em entrevista à revista britânica Economist, Steve Bannon, ex-estrategista de Trump, disse que “existe um plano” para manter o republicano na Casa Branca.
— Ele vai conseguir um terceiro mandato. Trump será presidente em 2028 e as pessoas deveriam se acostumar com isso — disse Bannon, na conversa publicada semana passada. — Há muitas alternativas diferentes. No momento oportuno, apresentaremos o plano, mas há um plano, e Trump será o presidente em 2028.
Ele concluiu dizendo que “precisamos terminar o que começamos”. Trump não comentou as palavras de seu ex-assessor e ex-membro do governo no primeiro mandato.

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