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'Máscaras de oxigênio não cairão automaticamente', a série com Johnny Massaro e grande elenco que você não pode perder

19/10/2025 10:01 O Globo - Rio/Política RJ

Quem viveu os anos 1980 se emocionará com “Máscaras de oxigênio não cairão automaticamente”. Já aquela parcela do público que nasceu depois tem muito a aprender com a série disponível na HBO Max. A produção nacional em cinco episódios merece toda a sua atenção. Ela é lindamente estrelada por Johnny Massaro, Bruna Linzmeyer e Ícaro Silva, tem roteiro de Thiago Pimentel e direção de Marcelo Gomes e Carol Minêm.
A trama se desenrola no período em que a Aids alcançou o Brasil e o AZT, primeiro antirretroviral aprovado pelo FDA, não era liberado aqui. Com isso, uma rede de apoio clandestina se estabeleceu para trazer o remédio. Trata-se de uma ficção, mas a realidade invade a tela o tempo inteiro.
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Era um momento de grande liberdade sexual, e o Rio tinha uma cena gay vibrante. A chegada da Aids foi avassaladora: nos hospitais, não havia leitos suficientes para tantos doentes. O preconceito se espalhou imediatamente, agravando o sofrimento. Ninguém sabia como a contaminação ocorria e o medo levava ao isolamento de quem mais precisava de cuidados. O rótulo dado à doença, “peste gay”, traduzia a dimensão desse estigma (embora o vírus atingisse a todos, mulheres e homens héteros).
Johnny Massaro e Icaro Silva
Divulgação
O drama — humano, social e político — retrata fatos do passado. Ele, contudo, dialoga com os dias de hoje e essa ambiguidade temporal paira em cada cena. É ela que prova a relevância de se contar essa história em 2025.
Hermila Guedes/Dra Joana
Divulgação
“Máscaras de oxigênio não cairão automaticamente” se passa no universo da aviação. Johnny Massaro interpreta Fernando, um comissário de bordo que descobre ser HIV positivo. O personagem é desafiador. Massaro não desvia dos maneirismos que o caracterizam, uma construção cheia de armadilhas que poderia facilmente cair na caricatura. Ele faz com emoção, e passeia na beira do precipício, mas não perde o eixo, numa performance arrebatadora. O espectador já conhecia o talento do ator, mas esse desempenho soberbo significa um divisor de águas na sua carreira. A química com a outra dupla de protagonistas — Bruna Linzmeyer (Léa) e Ícaro Silva (Raul) — é uma das grandes forças da produção. O trio brilha individualmente e, reunido, enche a tela. O elenco, aliás, merece todos os elogios. Destaco especialmente Hermila Guedes (dra Joana), Rita Assemany (Sonia), Carla Ribas (Raquel), Kika Sena (Francesca) e Eli Ferreira (Yara).
Eli Ferreira em 'Máscaras de oxigênio (não) cairão automaticamente'
Divulgação
A reconstituição é primorosa. Figurinos, cenários e trilha ajudam a reencenar o espírito do tempo. Não há deslocamentos ou artificialismos. A legitimidade está até nas pequenas escolhas: na praia da moda (do Pepino), na boate com shows de travestis (Sótão, numa galeria em frente à Avenida Atlântica), e nas canções. E um aval importante: a infectologista Márcia Rachid, figura respeitada desde os anos 1980, trabalhou no projeto (ela aparece brevemente nos momentos finais).

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