'Máscaras de oxigênio não cairão automaticamente', a série com Johnny Massaro e grande elenco que você não pode perder
Quem viveu os anos 1980 se emocionará com “Máscaras de oxigênio não cairão automaticamente”. Já aquela parcela do público que nasceu depois tem muito a aprender com a série disponível na HBO Max. A produção nacional em cinco episódios merece toda a sua atenção. Ela é lindamente estrelada por Johnny Massaro, Bruna Linzmeyer e Ícaro Silva, tem roteiro de Thiago Pimentel e direção de Marcelo Gomes e Carol Minêm.
A trama se desenrola no período em que a Aids alcançou o Brasil e o AZT, primeiro antirretroviral aprovado pelo FDA, não era liberado aqui. Com isso, uma rede de apoio clandestina se estabeleceu para trazer o remédio. Trata-se de uma ficção, mas a realidade invade a tela o tempo inteiro.
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Era um momento de grande liberdade sexual, e o Rio tinha uma cena gay vibrante. A chegada da Aids foi avassaladora: nos hospitais, não havia leitos suficientes para tantos doentes. O preconceito se espalhou imediatamente, agravando o sofrimento. Ninguém sabia como a contaminação ocorria e o medo levava ao isolamento de quem mais precisava de cuidados. O rótulo dado à doença, “peste gay”, traduzia a dimensão desse estigma (embora o vírus atingisse a todos, mulheres e homens héteros).
Johnny Massaro e Icaro Silva
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O drama — humano, social e político — retrata fatos do passado. Ele, contudo, dialoga com os dias de hoje e essa ambiguidade temporal paira em cada cena. É ela que prova a relevância de se contar essa história em 2025.
Hermila Guedes/Dra Joana
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“Máscaras de oxigênio não cairão automaticamente” se passa no universo da aviação. Johnny Massaro interpreta Fernando, um comissário de bordo que descobre ser HIV positivo. O personagem é desafiador. Massaro não desvia dos maneirismos que o caracterizam, uma construção cheia de armadilhas que poderia facilmente cair na caricatura. Ele faz com emoção, e passeia na beira do precipício, mas não perde o eixo, numa performance arrebatadora. O espectador já conhecia o talento do ator, mas esse desempenho soberbo significa um divisor de águas na sua carreira. A química com a outra dupla de protagonistas — Bruna Linzmeyer (Léa) e Ícaro Silva (Raul) — é uma das grandes forças da produção. O trio brilha individualmente e, reunido, enche a tela. O elenco, aliás, merece todos os elogios. Destaco especialmente Hermila Guedes (dra Joana), Rita Assemany (Sonia), Carla Ribas (Raquel), Kika Sena (Francesca) e Eli Ferreira (Yara).
Eli Ferreira em 'Máscaras de oxigênio (não) cairão automaticamente'
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A reconstituição é primorosa. Figurinos, cenários e trilha ajudam a reencenar o espírito do tempo. Não há deslocamentos ou artificialismos. A legitimidade está até nas pequenas escolhas: na praia da moda (do Pepino), na boate com shows de travestis (Sótão, numa galeria em frente à Avenida Atlântica), e nas canções. E um aval importante: a infectologista Márcia Rachid, figura respeitada desde os anos 1980, trabalhou no projeto (ela aparece brevemente nos momentos finais).
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