
Lula e Trump: encontro em Kuala Lumpur pode ocorrer em 27 de outubro
O esperado encontro entre os presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Donald Trump poderá ocorrer na próxima segunda-feira, 27 de outubro, antes da cúpula da Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), na Malásia. Interlocutores do governo Lula afirmam que essa é a expectativa, mas ressaltam que a reunião ainda não está confirmada, embora as chances de que ocorra sejam elevadas, considerando que ambos os mandatários estarão em Kuala Lumpur.
O presidente Lula embarca nesta terça-feira para uma missão oficial ao Sudeste Asiático. Ele terá compromissos em Jacarta, Indonésia, nos dias 23 e 24 de outubro, e em Kuala Lumpur, nos dias 25 a 27, onde fará uma visita de Estado ao primeiro-ministro malaio, Anwar Ibrahim, e participará como convidado da reunião da ASEAN.
O encontro entre Lula e Trump ocorrerá em um momento estratégico para as relações entre Brasil e Estados Unidos, após a imposição de tarifas elevadas sobre produtos brasileiros e a aplicação de sanções contra cidadãos nacionais, incluindo o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes. Segundo a Casa Branca, essas medidas têm relação com o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro pelo STF.
Autoridades que acompanham o tema em Brasília avaliam que a reunião poderá representar o início de uma mudança na relação bilateral, abrindo caminho para negociações comerciais e diálogo político mais estável. A expectativa é de que haja disposição de ambos os lados para superar a pior crise em mais de 200 anos de relações entre Brasil e Estados Unidos.
Na semana passada, o ministro das Relações Exteriores, Mauro Vieira, reuniu-se em Washington com o secretário de Estado americano, Marco Rubio. Segundo participantes, Vieira e Lula limitaram as discussões a temas econômicos, evitando citar questões internas sensíveis, como a situação envolvendo Bolsonaro.
Durante o encontro em Washington, ficou definido que temas comerciais — incluindo o chamado tarifaço e a investigação contra o Brasil aberta pela Seção 301 da legislação de comércio americana — serão conduzidos pelo USTR (Escritório do Representante de Comércio dos EUA) e pelo vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin. Já questões políticas e diplomáticas, como as sanções impostas a cidadãos brasileiros e a situação envolvendo os EUA e a Venezuela, permanecerão sob responsabilidade de Vieira e Rubio.
Em 9 de julho deste ano, Donald Trump anunciou uma sobretaxa de 40% sobre produtos brasileiros, que se somou à tarifa de 10% já aplicada a todos os países que mantêm comércio com os EUA. Trump condicionou uma negociação comercial com o Brasil ao arquivamento do processo contra Bolsonaro. O governo Lula reagiu, afirmando que Trump interferia em assuntos internos e que os poderes no país são independentes.
Vieira solicitou a suspensão do tarifaço enquanto durarem as negociações entre os dois países, reiterando o pedido feito por Lula ao presidente americano em conversa telefônica ocorrida há cerca de duas semanas.
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