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Imagens de satélite revelam que Irã entrou em nova era nuclear após fim de acordo internacional; entenda

29/10/2025 12:59 O Globo - Rio/Política RJ

O governo do Irã anunciou oficialmente, em 18 de outubro, o fim de todas as suas obrigações sob o Plano de Ação Conjunto Abrangente (JCPOA), o acordo nuclear firmado há 10 anos com potências ocidentais. A medida encerra formalmente a supervisão internacional sobre o programa atômico iraniano e marca o início de uma nova fase de opacidade e militarização, segundo analistas do Centro de Estudos Estratégicos e Internacionais (CSIS).
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Imagens divulgadas pelo CSIS nesta segunda-feira provam que a decisão vem na esteira dos ataques aéreos lançados por Estados Unidos e Israel em junho, que destruíram instalações-chave em Fordow, Natanz e Isfahan — locais onde o Irã enriquecia urânio e processava material metálico para fins nucleares. Imagens de satélite indicam que o programa foi severamente danificado, mas não interrompido.
Imagem de satélite do Irã
Reprodução
Após os ataques, Teerã intensificou as obras na chamada Montanha Pickaxe, a apenas 1,6 km ao sul de Natanz. Imagens comparativas mostram novos túneis, muros de segurança e portais subterrâneos, levantando suspeitas de que o Irã esteja transferindo parte de suas operações para o subsolo.
O presidente Masoud Pezeshkian negou irregularidades e afirmou que “as imagens de satélite não são suficientes” para definir a finalidade da construção, mas impediu o acesso de inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) — o que alimenta dúvidas sobre atividades clandestinas de enriquecimento de urânio.
Especialistas avaliam três possibilidades: a reconstrução da sala de montagem de centrífugas, destruída em 2020; a transferência de atividades metalúrgicas antes realizadas em Isfahan; e a criação de uma nova instalação secreta de enriquecimento, capaz de processar urânio até o nível militar de 90%.
Imagem de satélite do Irã
Reprodução
Além da destruição física, os ataques atingiram a estrutura científica do programa nuclear iraniano. Israel afirma ter eliminado ao menos 14 cientistas nucleares, incluindo nove engenheiros envolvidos em pesquisas estratégicas.
A perda de especialistas agrava a crise de confiança dentro do programa, em um ambiente que já sofre com prisões, execuções e vigilância intensa.
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Segundo a ONG Iran Human Rights, o regime executou cerca de mil pessoas em 2025, o número mais alto das últimas três décadas. Entre as vítimas estão dois homens acusados de colaborar com o Mossad, executados em setembro.
“Hoje, os cientistas nucleares iranianos não confiam nem em seus guarda-costas”, relatou uma fonte à imprensa britânica.
O risco de uma corrida nuclear às escuras
Com o fim do acordo e a expulsão de inspetores internacionais, o Irã se aproxima de um ponto crítico. O país ainda possui cerca de 400 kg de urânio enriquecido a 60%, estoque suficiente para produzir ao menos uma ogiva nuclear se avançar até o nível de 90%.
Diplomatas temem que Teerã abandone também o Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), o mesmo caminho seguido pela Coreia do Norte antes de construir armas atômicas.

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