Boeing tem baixa contábil de US$ 4,9 bi e adia lançamento do jato 777X para 2027
A Boeing anunciou uma baixa contábil de US$ 4,9 bilhões e o adiamento da estreia de seu jato 777X, um lembrete de que a fabricante americana ainda enfrenta um longo caminho de recuperação, mesmo com o aumento das entregas de aeronaves impulsionando seu caixa.
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A baixa contábil — sem impacto em caixa — ofuscou os resultados do terceiro trimestre, com um prejuízo de US$ 7,47 por ação, acima da perda de US$ 4,44 prevista por analistas. A receita somou US$ 23,27 bilhões, ante uma estimativa média de US$ 22,3 bilhões.
A fabricante já acumulou quase US$ 16 bilhões em encargos relacionados ao 777X, uma aeronave estrategicamente importante que está com sete anos de atraso devido ao rigor da supervisão regulatória e que agora deve entrar em operação somente em 2027.
O novo encargo mostra que o diretor-presidente, Kelly Ortberg, ainda enfrenta múltiplos desafios para estabilizar a empresa — mesmo com a Boeing se beneficiando do aumento nas encomendas de aeronaves, com apoio do governo Trump.
— Agora estamos avançando com um plano mais confiável e tomando medidas para melhorar nosso desempenho — afirmou Ortberg, que ocupa o cargo há pouco mais de um ano, em um memorando aos funcionários.
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As ações da Boeing caíram 0,7% nas negociações pré-mercado em Nova York. Até o fechamento de terça-feira, o papel acumulava alta de 26% no ano.
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A receita e o fluxo de caixa livre acima do esperado no trimestre destacam a melhora constante na produção dos modelos 737 e 787 Dreamliner neste ano. Trata-se de uma mudança em relação aos atrasos custosos e falhas de qualidade nesses dois aviões, que frustraram clientes e pesaram nas finanças da empresa por cerca de cinco anos.
A companhia gerou fluxo de caixa livre de US$ 238 milhões durante o trimestre — algo que não ocorria desde os últimos meses de 2023. A Boeing foi forçada a captar recursos no ano passado, após um acidente quase catastrófico nos primeiros dias de 2024 que desorganizou sua produção e levou a uma troca na alta administração.
Os analistas esperavam que a fabricante de aviões consumisse cerca de US$ 884,1 milhões em caixa antes de alcançar fluxo de caixa positivo no quarto trimestre.
O 777X é uma versão atualizada do popular modelo 777 da Boeing, a maior aeronave civil atualmente em produção pela empresa. A Airbus SE, que também divulga seus resultados nesta quarta-feira, compete nesse segmento com o A350. Companhias aéreas como a Emirates — maior compradora do 777X — e a Deutsche Lufthansa, cliente de lançamento do modelo, tiveram de revisar seus planos de modernização de frota à medida que a Boeing adiava repetidamente a introdução do gigantesco jato.
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A recuperação geral da Boeing continua “intacta, e o cenário da cadeia de suprimentos provavelmente está melhorando — embora sempre haja motivos para preocupação quando se diz isso sobre a Boeing”, afirmou George Ferguson, analista da Bloomberg Intelligence.
A melhora inesperada no fluxo de caixa reflete o aumento nas entregas de jatos e uma mudança no cronograma de um pagamento de US$ 700 milhões ao Departamento de Justiça dos EUA. Esse valor está suspenso enquanto um juiz do Texas decide sobre um acordo que permitiria à Boeing evitar uma acusação criminal relacionada aos dois acidentes fatais com o 737 Max.
A fabricante americana entregou 160 aeronaves durante o trimestre, o maior número desde 2018, e o ritmo deve continuar aumentando à medida que a empresa eleva em 10% a produção do 737, para o nível mais alto recentemente aprovado pelos reguladores dos EUA. O aumento de ritmo na fábrica ainda não foi totalmente implementado, disse Ortberg aos funcionários.
Impacto da greve na divisão de defesa
Quando Ortberg e Jay Malave, novo diretor financeiro da Boeing, realizarem a teleconferência de resultados mais tarde nesta quarta-feira, os analistas deverão buscar mais detalhes sobre o impacto na divisão de defesa da empresa causado pela greve dos trabalhadores das fábricas na região de St. Louis, que está prestes a completar 90 dias. Também estarão atentos à situação dos esforços para certificar os dois últimos modelos do 737 Max e às projeções sobre como o atraso do 777X afetará o caixa nos próximos dois anos.
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Ortberg já havia alertado os investidores, em um discurso em setembro, que o programa 777X enfrentava atrasos e trâmites complexos na fase final de testes de voo, enquanto engenheiros e reguladores americanos trabalham em novos processos de certificação.
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