
Há 4 anos, casal desistiu de tudo para ter paz em motorhome
Há 4 anos, o campo-grandense Mário Ferelli Filho, de 43 anos, e o sulista Marcos Roberto Severo de Oliveira, de 41, resolveram jogar tudo pro alto e cair na estrada em busca de uma vida mais tranquila. Um era do ramo de vendas e o outro da administração. Em 2020, diante da pandemia de covid-19, existir passou a ser valioso demais para ficar esperando o momento certo para viver. As aventuras viraram registros que eles compartilham nas redes sociais e que hoje são fonte de renda para os dois. Eles têm, além de uma rotina própria e nômade, uma casa móvel que guarda literalmente tudo o que o casal possui de material na vida. Os dois receberam o Lado B no motorhome apelidado de Mapuccinos para contar como toda a história aconteceu. De cara, eles falam que, apesar de muitos julgarem a conquista como fácil, para que o sonho pudesse ser real, precisaram juntar uma boa grana e escolher as batalhas do cotidiano que iriam deixar de travar. Foi preciso R$ 200 mil, na época, para poderem, enfim, ter a casa móvel planejada. Assim que ficou pronta, eles se mudaram e continuaram com a mesma profissão. Como o dinheiro não era infinito, eles se organizaram para viver o estilo de vida nômade por 1 ano e meio, com R$ 60 mil que juntaram ao longo do tempo. “Em janeiro de 2021 caímos na estrada. Eu trabalhava com CLT, na área comercial. A gente só gastou com comida, porque, no começo, a empresa em que eu trabalhava pagava o km rodado. Eu cuidava de 17 lojas no país. O nosso custo era baixo. A gente conseguiu fazer um bom pé de meia e ficamos um ano trabalhando entre Minas e Goiás, trabalhando e viajando. Neste primeiro ano foi um teste, foi aí que a gente acabou fazendo uma reserva financeira.” Em 2022, os dois foram para a Argentina e passaram 9 meses. Foi nesse período que começaram o canal no YouTube, que leva o nome do motorhome. Eles largaram os empregos e começaram a viver de internet e publicidades. “A reserva, em algum momento, iria acabar. O plano era ir para a estrada e fazer conteúdo. Fomos no vai ou racha. O pessoal começou a cobrar a gente para fazer vídeos para o YouTube e, de lá pra cá, as coisas melhoraram.” Em 2022, Mário e Marcos chegaram ao Ushuaia, o famoso "fim do mundo". De lá, seguiram até o Salar de Uyuni, na Bolívia. Também fizeram uma passagem pelo Chile, visitaram Santiago e outras cidades, antes de retornarem ao Brasil e seguirem viagem até Maceió.Cansados do frio e da neve, decidiram subir pelo mapa e conhecer parte do Nordeste. Dois anos depois, em 2024, realizaram outro sonho: percorrer a Carretera Austral, uma das rodovias mais bonitas do mundo, no Chile. Sem asfalto e cercada por paisagens impressionantes, o trajeto é um destino desejado por muitos viajante. Ao todo, nesses quase cinco anos de estrada, eles já rodaram cerca de 100 mil quilômetros. “A gente teve que renunciar muito. A gente não sai pra balada, não sai pra comer direto em restaurantes, não luxa. Hoje temos uma vida mais essencial do que tínhamos antes. Não somos minimalistas porque temos bastante coisa aqui dentro, mas a gente tem o essencial que precisa. Falamos que é a nossa kitnet.” A ideia do canal é levar leveza para as pessoas e mostrar a rotina dos dois morando na estrada. O casal não foca muito nos perrengues e fala que esse não é o intuito. Apesar disso, eles comentam que já passaram por dificuldades e que foi justamente em uma dessas que o canal nasceu. “No fim do mundo tivemos problema no nosso motor. Tivemos que fazer a parte de cima dele, foram 21 dias na oficina em um lugar que a gente não conhecia. Isso as pessoas não veem. Gastamos uma grana para fazer. No Salar de Uyuni, a água do aquecedor congelou. Pegamos -10ºC, expandiu o cano e tivemos que trocar aqui no Brasil. Tomamos banho gelado de lá até aqui. Chegamos a 4.200 metros de altitude com esse carro. Fomos de praia a montanha.” Eles contam que cozinhar é um dos fortes do canal, junto com a organização da casa e que mostram a viagem e a rotina nos lugares. “O canal não é só a viagem. Nós vivemos na estrada, gostamos disso. Não temos um objetivo definido. Muitos viajantes querem ir até o Ushuaia ou Alasca; nós não. Pode ser que a gente vá, pode ser que não”, comenta Mário. Conquistas As pequenas conquistas são grandes para os dois. O luxo é ter máquina de lavar, placa solar e geladeira específica para motorhome. “Aqui faz muita diferença a geladeira, que tem 12 volts, porque a casa toda é. As luzes, temos climatizador, ar-condicionado, aquecedor a diesel. Já fomos para a neve e pegamos -5º C; A gente se preparou para isso. Se não tem a casa assim , precisa do conversor ou ficar conectado em área externa. A gente tem painéis solares e duas baterias de lítio. Isso dá autonomia; se não tiver todos os dias nublados, ficamos seis dias sem precisar plugar. Se tiver sol e a gente estiver rodando, nunca vai faltar energia.” Além disso, a casa conta com 400 litros de água, o que dá, em média, seis dias tomando banho e lavando louça t
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