
Governo Trump inicia rodada de demissões em massa de servidores federais em meio ao 'shutdown'
A Casa Branca anunciou nesta sexta-feira que iniciou uma rodada de demissões em massa dos servidores federais, endossando as ameaças do presidente Donald Trump de cortar agências e reduzir a força de trabalho do governo durante o "shutdown". Enquanto isso, o presidente tenta aproveitar a paralisação do governo para cortar agências, reduzir a força de trabalho e pressionar os democratas a aceitar suas exigências fiscais.
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Autoridades confirmaram que as demissões seriam significativas nas agências, incluindo os departamentos do Comércio, Educação, Energia, Segurança Interna, Saúde e Serviços Humanos e Tesouro. Também nesta sexta, sindicatos que representam os servidores federais informaram a um juiz que acreditavam que 1.300 demissões estavam sendo preparadas no Departamento do Tesouro.
Russell Vought, diretor de orçamento da Casa Branca, publicou nas redes sociais que os “RIFs começaram”, referindo-se aos avisos de "reduction in force" (redução de pessoal) enviados a servidores federais sobre demissões.
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Ao tentar demitir servidores federais durante o "shutdown", Trump corre o risco de agravar ainda mais o impasse fiscal, que não tem previsão de término. Em vez de negociar uma solução com os democratas, o presidente vem tratando o fechamento do governo como uma vantagem política, usando-o como oportunidade para reorganizar o orçamento federal e se vingar de seus adversários.
— Vamos cortar alguns programas muito populares entre os democratas, que não são populares entre os republicanos — anunciou o republicano em uma reunião de gabinete na última terça-feira, acrescentando que daria aos democratas “um pouco do seu próprio remédio”.
O governo já cancelou ou congelou dezenas de bilhões de dólares em ajuda federal que beneficiavam, principalmente, cidades e estados governados por democratas. Trump também ameaçou cortar o que chamou de “agências democratas”, reduzindo gastos de forma permanente, sem aprovação do Congresso americano.
O governo, desta vez, não especificou quantos trabalhadores e programas seriam afetados, nem quando os funcionários perderiam seus empregos. Mas o anúncio já gerou confusão e medo generalizados em um momento em que centenas de milhares de funcionários do governo já estão em licença remunerada e outros ainda precisam se apresentar para trabalhar sem remuneração.
Reação às demissões
Sindicatos que representam servidores federais entraram com ações judiciais contra as demissões em massa, argumentando que o governo não pode realizá-las apenas porque o financiamento federal foi interrompido.
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Um juiz federal, por sua vez, determinou que o governo Trump apresentasse uma justificativa ao caso até esta sexta, detalhando as demissões planejadas.
— É vergonhoso que o governo Trump esteja usando o "shutdown" como desculpa para demitir ilegalmente milhares de trabalhadores que prestam serviços essenciais às comunidades em todo o país — afirmou Everett Kelley, presidente nacional da Federação Americana de Empregados do Governo, um dos sindicatos que está processando o governo.
Muitos democratas e até mesmo uma republicana — a senadora Susan Collins, do Maine, principal responsável pela alocação de verbas na Câmara — também condenaram o governo pelo momento e pela abrangência de suas tentativas de demissão. Em uma declaração Collins culpou os democratas pela paralisação, mas afirmou que demitir funcionários federais poderia "causar danos às famílias no Maine e em todo o país".
— Independentemente de os funcionários federais estarem trabalhando sem remuneração ou em licença, o trabalho deles é extremamente importante para servir ao público — afirmou a senadora.
Já o deputado Brendan Boyle, da Pensilvânia, que lidera seu partido no Comitê de Orçamento da Câmara, descreveu as demissões na sexta-feira como uma tentativa "ilegal" de Trump de "tomar mais poder para si".
"Decisões difíceis"
Os democratas estão rejeitando o plano dos republicanos de reabrir temporariamente as agências federais, porque querem, antes, garantir a renovação de subsídios da Saúde. Os republicanos, por outro lado, dizem que os democratas estão travando o acordo e que a Casa Branca ficou esperando que eles “voltassem ao bom senso” e aprovassem o financiamento do governo.
— A Casa Branca ficou 10 dias parada esperando que os democratas cedessem. Mas isso pode mudar. Um shutdown força o governo a tomar decisões difíceis — disse o líder da maioria no Senado, John Thune, de Dakota do Sul, a repórteres nesta sexta-feira.
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