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Gleisi reage a governadores de direita após operação no Rio: 'querem colocar o Brasil no radar de Trump'

31/10/2025 19:13 O Globo - Rio/Política RJ

A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), reagiu ao encontro realizado no Palácio Guanabara, no Rio de Janeiro, em que governadores de direita anunciaram a criação de um "consórcio da paz" para combater o crime organizado. Sem citar a recusa do Ministério da Justiça em classificar as facções criminosas do Brasil como grupos terroristas, ela afirmou que esses mandatários querem causar "divisão política" e colocar o Brasil "no radar do intervencionismo militar" do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na América Latina.
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Após a megaoperação das polícias Civil e Militar contra o Comando Vermelho na capital carioca, nesta terça-feira, a direita investiu na definição de que traficantes são "narcoterroristas", e deveriam ser classificados assim de maneira formal. No mês passado, na ONU, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) demonstrou que a preocupação do governo brasileiro é que a equiparação sirva de pretexto para intervenções militares de países com poderio bélico — em especial os EUA — na América Latina.
Em uma publicação nas redes sociais, nesta sexta-feira, Gleisi destacou que os governadores deveriam focar na implementação da PEC da Segurança, proposta pelo governo, mas que é criticada pelos gestores de direita. O Palácio do Planalto tenta acelerar a tramitação da proposta em meio às críticas relacionadas à área da segurança pública, que, segundo a ministra, "não pode ser tratada com leviandade e objetivos eleitoreiros".
"Os governadores da direita, vocalizados por Ronaldo Caiado (governador de Goiás), investem na divisão política e querem colocar o Brasil no radar do intervencionismo militar de Donald Trump na América Latina. Não conseguem esconder seu desejo de entregar o país ao estrangeiro", escreveu Gleisi, que comparou a postura com a atuação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos EUA, definido como "traidor da pátria".
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'Consórcio da paz'
Os governadores presidenciáveis de direita Tarcísio de Freitas (Republicanos), de São Paulo, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Ronaldo Caiado (União), de Goiás, acenaram com apoio à operação e, no caso dos dois últimos, usaram o episódio para criticar o governo federal. Tarcísio, por sua vez, direcionou suas declarações aos elogios à atuação de Castro e à defesa do endurecimento da legislação.
Na noite desta quinta-feira, o governador do Rio anunciou a criação de um "consórcio da paz" junto a governadores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste. O encontro, realizado no Palácio Guanabara, serviu de plataforma para cobranças ao governo Lula na área de segurança.
Citado por Gleisi, o governador de Goiás argumentou que a atuação conjunta é necessária porque, segundo ele, lideranças de facções criminosas de outros estados se instalaram no Rio "para mandar no crime em outros locais". Caiado atribuiu este movimento à ação em trâmite no Supremo Tribunal Federal (STF) que limitou operações policiais durante a pandemia na Covid-19, e que ficou conhecida como "ADPF das Favelas".
Além de Caiado e Zema, estiveram na reunião os governadores de Santa Catarina, Jorginho Mello (PL); do Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP); e a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP). O governador de São Paulo participou por videoconferência.
Reação da direita
No mesmo dia da operação, políticos da oposição passaram a utilizar a ação policial para criticar o governo. Vereador do Rio de Janeiro, Carlos Bolsonaro (PL), por exemplo, associou a expansão das atividades do Comando Vermelho com a falta de classificá-lo como uma organização terrorista. "É tudo muito vergonhoso e cabuloso", definiu o filho do ex-presidente Jair Bolsonaro.
A reação ocorreu após a polêmica declaração de Lula na sexta-feira passada, na Indonésia, quando afirmou que o combate ao tráfico de drogas passa também por medidas voltadas aos usuários dos entorpecentes, os quais classificou como "responsáveis" pelos traficantes. No dia seguinte, contudo, o presidente voltou atrás e afirmou que o posicionamento foi "uma frase mal colocada".

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