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Famosas que enfrentaram relações abusivas e hoje ajudam outras mulheres

23/10/2025 08:04 O Globo - Rio/Política RJ

De Luiza Brunet a Ana Paula Oliveira e Mel B, mulheres conhecidas do público decidiram usar suas histórias de violência doméstica como ferramenta de transformação. Por meio de livros, redes de apoio e campanhas, elas têm contribuído ativamente para dar voz a outras vítimas, e mostrar que é possível reconstruir-se a partir da dor.
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Em diferentes gerações e contextos, essas mulheres públicas enfrentaram o trauma da violência de gênero e optaram por romper o silêncio. Suas trajetórias evidenciam que falar sobre o que viveram pode ser um ato de cura individual, mas também de impacto coletivo, inspirando e fortalecendo outras vítimas.
Em 2008, Luana Piovani, então com 31 anos, denunciou Dado Dolabella por agressão em uma boate no Rio de Janeiro. O caso ficou marcado como a primeira aplicação da Lei Maria da Penha em uma figura pública. "O mundo é uma máquina de moer mulher", declarou a atriz anos depois, ao relembrar o episódio. Hoje, aos 48, ela utiliza as redes sociais e a mídia como plataformas de conscientização sobre machismo e a importância da denúncia, consolidando-se como uma das vozes mais ativas da causa no Brasil.
Já em 2016, a ex-modelo Luiza Brunet, aos 54 anos, revelou ter sido espancada pelo empresário Lírio Parisotto durante uma viagem a Nova York. As agressões, que resultaram em fraturas nas costelas, culminaram na condenação do agressor. "As marcas físicas desaparecem, mas as emocionais são as mais difíceis de curar", afirmou. Desde então, a artista tornou-se uma ativista de reconhecimento nacional e internacional, atuando em campanhas e palestras sobre enfrentamento à violência de gênero.
Mais recentemente, em 2023, Ana Hickmann, 43 anos, denunciou o então marido, Alexandre Correa, por agressão doméstica na presença do filho do casal. A exposição do caso gerou uma onda de solidariedade e trouxe à tona a discussão sobre relacionamentos abusivos que, muitas vezes, se escondem por trás de imagens públicas idealizadas. Poucos dias depois, a apresentadora compartilhou: "Obrigada pelas mensagens de carinho. Hoje é um novo dia". Seu posicionamento ajudou a dar visibilidade ao tema e reforçou que a violência pode atingir qualquer mulher, independentemente de status, aparência ou classe social.
Em 2024, a ex-Miss Brasil Ana Paula Oliveira, 50 anos, tornou pública a história de três décadas de um casamento abusivo. A empresária relatou ter sofrido agressões físicas, psicológicas e sexuais, além de viver sob vigilância e ameaças constantes. "Sofri calada, mas decidi que minha história não terminaria assim", disse. Formada em Direito, ela criou uma rede de apoio para acolher vítimas de violência doméstica, com assistência jurídica, psicológica e projetos voltados à autonomia financeira e emocional das mulheres. Seu trabalho tem se tornado referência em iniciativas que promovem libertação e reconstrução.
Fora do Brasil, exemplos semelhantes reforçam a força da denúncia como ferramenta de conscientização. A cantora Mel B, 49 anos, ex-integrante das Spice Girls, revelou em sua autobiografia "Brutally Honest" os dez anos de abusos que sofreu durante o casamento com o produtor Stephen Belafonte. Desde 2018, atua como embaixadora de instituições britânicas que acolhem mulheres em situação de violência.
A também britânica Lily Allen, 39 anos, compartilhou em seu livro "My Thoughts Exactly" episódios de abuso emocional e relações tóxicas. Hoje, é uma voz ativa em debates sobre saúde mental, relacionamentos abusivos e violência psicológica.
Segundo o terapeuta Eduardo Omeltech, que acompanha processos de reconstrução emocional pós-violência, histórias como essas cumprem um papel essencial na conscientização pública.
"Quando a vítima fala, ela não revive o trauma, ela o ressignifica. É nesse momento que a dor se transforma em consciência coletiva e em força para outras mulheres", explica.
Para ele, o exemplo de figuras públicas tem um impacto real, pois mostra que a dor pode ser transformada em ação, e que romper o silêncio pode salvar vidas.

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