EUA têm mais de 800 voos canceladas nas primeiras horas após ordem de redução de viagens por 'shutdown'
Centenas de milhares de viajantes se preparam para um dia que se anuncia caótico nos EUA, enquanto entra em vigor a determinação do governo onald Trump para reduzir em até 10% o número de voos em 40 aeroportos do país, a fim de contornar a falta de funcionários de controle de tráfego aéreo — que estão sem receber pagamentos em razão da paralisação orçamentária ("shutdown") provocada pela falta de acordo no Congresso americano, a mais longa da História do país. Mais de 815 voos programados já tinham sido sido cancelados até às 04h (em Brasília).
Os três aeroportos de Nova York estão listado entre os afetados pela redução do tráfego aéreo, assim como os três que atendem Washington e os terminais de Chicago, Los Angeles, San Francisco, Miami, Boston, Filadélfia, Atlanta e Dallas. Todos os dias, mais de três milhões de passageiros embarcam em aviões nos EUA, em mais de 44 mil voos, segundo a Administração Federal de Aviação (FAA, na sigla em inglês).
As principais companhias aéreas do país confirmaram que tiveram que reduzir suas atividades, em respeito à medida. A American Airlines e United Airlines, duas das principais companhias aéreas dos EUA, informaram à AFP que reduzirão sua atividade em 4% a partir de sexta-feira e durante todo o fim de semana — o que significa "quase 220 voos cancelados por dia" para a AA e "menos de 200 voos na sexta-feira e no sábado" para a UA. A Delta, outra companhia importante, prevê cerca de 170 cancelamentos na sexta-feira de "quase 5 mil decolagens diárias".
Ainda na quinta-feira, viajantes aguardavam apreensivos por informações sobre quais voos seriam cancelados a partir da manhã de sexta-feira, enquanto as agências governamentais responsáveis pelos cortes obrigatórios passaram a maior parte do dia em silêncio. Somente na noite de quinta-feira, a pouco menos de 10 horas do início dos primeiros cortes, o Departamento de Transportes e a Administração Federal de Aviação (FAA) divulgaram oficialmente quais 40 aeroportos seriam afetados.
A incerteza também intensificou as recriminações políticas, com críticos do governo afirmando que os cortes pareciam ter mais a ver com pressionar os democratas a encerrar a paralisação do governo do que com auxiliar a segurança de voo e aliviar o trabalho dos controladores de tráfego aéreo, que estão sem receber há mais de um mês.
"Esta é uma manobra política do governo Trump para tentar forçar os democratas a aceitarem seu orçamento e suas prioridades, que cortam benefícios de saúde e alimentação", disse o deputado Steve Cohen, do Tennessee, principal democrata na subcomissão da Câmara que supervisiona a aviação federal, em um comunicado na quinta-feira.
O "shutdown" que obriga o fechamento de serviços públicos federais é o mais longo da história dos Estados Unidos e deixou sem salário dezenas de milhares de controladores do tráfego aéreo, funcionários da segurança aeroportuária e outros trabalhadores, o que resultou em uma escassez de pessoal no setor.
Cancelamentos, filas longas e feriados
Os cancelamentos de voos se unem às longas filas nos controles de segurança, coordenados por agentes que também estão há mais de um mês sem receber o salário. A redução apontada pelo governo é implementada no momento em que o país inicia a temporada mais intensa de viagens, com a aproximação do Dia dos Veteranos e do Dia de Ação de Graças.
"Se você precisa comparecer a um casamento, um funeral ou qualquer outro evento importante nos próximos dias, levando em consideração o risco de cancelamento de voos, recomendo que compre uma passagem reserva em outra companhia", escreveu o diretor da companhia aérea de baixo custo Frontier, Barry Biffle, nas redes sociais.
A questão que preocupa os americanos diz respeito a quais voos serão afetados: no momento, as viagens internacionais de longa distância estão garantidas, informaram United e Delta. A United acrescentou em um comunicado que os cancelamentos se concentram nos "voos domésticos e regionais que não têm conexão" com seus centros de operação aeroportuários.
— Com a aproximação do Dia de Ação de Graças, se continuarmos nesta situação, será difícil. Vamos agir no que diz respeito à segurança. Mas o seu voo decolará a tempo? Vai decolar? Ainda temos que ver, mas haverá mais perturbações — advertiu o secretário dos Transportes, Sean Duffy, em declarações ao canal Fox News.
As principais companhias americanas informaram que seus clientes podem alterar a viagem ou solicitar reembolso sem penalização econômica. A paralisação orçamentária recorde já perturbou gravemente, durante toda a semana, o controle aéreo.
"Metade dos nossos 30 principais aeroportos enfrenta escassez de pessoal" e "quase 80% dos controladores do tráfego aéreo estão ausentes nos aeroportos de Nova York", afirmou a FAA em 31 de outubro. "Após 31 dias sem receber salário, os controladores do tráfego aéreo estão submetidos a um estresse e cansaço enormes", acrescentou a nota. (Com AFP e NYT)
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