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Álcool em excesso pode antecipar um AVC em mais de 10 anos e dificultar a recuperação, afirma estudo de Harvard

07/11/2025 14:17 O Globo - Rio/Política RJ

O consumo diário e excessivo de álcool pode antecipar o início de um acidente vascular cerebral hemorrágico em mais de 10 anos e dificultar a recuperação subsequente. Essa é a conclusão de uma pesquisa da Universidade de Harvard, publicada na revista Neurology, que analisou os efeitos do consumo prolongado de álcool em adultos mais velhos hospitalizados por hemorragia cerebral.
O impacto do consumo excessivo
O estudo incluiu 1.600 adultos com idade média de 75 anos que foram hospitalizados no Massachusetts General Hospital, nos Estados Unidos. Os pesquisadores definiram consumo excessivo de álcool como a ingestão regular de três ou mais bebidas alcoólicas por dia, cada uma equivalente a 14 gramas de álcool. Entre os participantes, 104 pessoas (7%) atenderam a esse critério.
Os resultados mostraram que aqueles que bebiam mais sofreram um AVC em média aos 64 anos, em comparação com os 75 anos daqueles que não bebiam em excesso, uma diferença de 11 anos. Além disso, as hemorragias cerebrais foram, em média, 70% mais frequentes e apresentaram piores desfechos clínicos.
Danos aos pequenos vasos sanguíneos do cérebro
Consumidores frequentes (e que bebiam em excesso) apresentaram maior dano aos pequenos vasos sanguíneos do cérebro, condição conhecida como doença dos pequenos vasos cerebrais, uma das principais causas de hemorragia intracerebral.
Segundo Edip Gurol, autor do estudo e professor de Harvard, esse dano aumenta a gravidade do AVC e a probabilidade de comprometimento cognitivo subsequente.
"Embora estudos anteriores tenham associado o consumo excessivo de álcool a um risco aumentado de AVC, nossas descobertas sugerem que ele não apenas aumenta a gravidade de um AVC hemorrágico, mas também pode acelerar os danos a longo prazo aos pequenos vasos sanguíneos do cérebro", observa o professor, em comunicado.
A equipe descobriu que aqueles que bebiam mais tinham mais de três vezes mais probabilidade de apresentar hiperintensidades na substância branca — um sinal de dano cerebral crônico — e quase duas vezes mais probabilidade de exibir padrões associados à hipertensão.
Recuperação mais lenta e pior prognóstico
Os participantes com consumo excessivo de álcool também apresentaram pressão arterial mais elevada e contagem de plaquetas mais baixa na admissão hospitalar, fatores que impactam negativamente a recuperação. Além disso, apresentaram maior probabilidade de sofrer hemorragias cerebrais profundas e extensões intraventriculares, ambas associadas a piores desfechos neurológicos.
Dessa forma, Gurol enfatiza que reduzir ou eliminar o consumo excessivo de álcool pode retardar a deterioração dos vasos sanguíneos no cérebro e diminuir tanto o risco quanto a gravidade de futuros AVCs. Também pode prevenir outras complicações, como declínio cognitivo e incapacidade a longo prazo.
O estudo apresenta algumas limitações, como seu desenho transversal e a dependência de relatos dos próprios participantes sobre o consumo de álcool, o que pode introduzir viés nos resultados. Mesmo assim, os pesquisadores concluem que o monitoramento do consumo de álcool deve fazer parte das estratégias preventivas para pessoas com alto risco de AVC.

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