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Direita volta a pedir enquadramento de facções como grupo terrorista e critica governo federal

28/10/2025 18:54 O Globo - Rio/Política RJ

A operação policial que já deixou pelo menos 64 mortos nesta terça-feira (28) no Alemão e na Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, continua repercutindo entre opositores do governo federal nas redes sociais. No X, o vereador Carlos Bolsonaro (PL) reagiu a uma publicação sobre a reação dos criminosos após a ação policial, e responsabilizou o governo Lula, por supostamente recusar uma proposta dos EUA para classificar o Primeiro Comando da Capital (PCC) e o Comando Vermelho (CV) como organizações terroristas.
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'Para ele, a culpa é dos usuários': Direita associa megaoperação no Rio à declaração de Lula sobre traficantes
“Essa posição foi reafirmada em reunião com representantes dos EUA, durante a qual o Brasil destacou que suas facções criminosas não se enquadram como terroristas segundo a legislação brasileira”, afirmou Carlos na postagem.
Outro bolsonarista que se manifestou após a ação policial foi o deputado federal Filipe Barros (PL). Ele também responsabilizou Lula pelas operações desta terça-feira, e lembrou a fala do presidente, que afirmou que “traficantes são vítimas dos usuários também”.
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“Enquanto operações como a de hoje mostram mais uma vez ao País o tamanho da desgraça causada pelo crime, nunca se esqueça que Lula não quer combater as facções como terroristas. Não dá para esperar nada de quem chamou traficantes de vítimas dos usuários”, afirmou.
Nomes como o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG), o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) também se manifestaram, e atribuíram a escalada da violência ao petista.
“Drone do CV arremessa bombas em operação policial, mas se eu sugerir bombardear barcos de traficantes, a esquerda acha um escândalo”, escreveu Flávio Bolsonaro (PL-RJ), ao comentar a ofensiva que mobilizou cerca de 2,5 mil policiais civis e militares.
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O parlamentar também aproveitou o momento para ironizar a repercussão de uma declaração concedida na semana passada, quando sugeriu que o governo dos Estados Unidos ajudasse o Brasil a bombardear barcos com drogas na Baía de Guanabara, na capital carioca.
"Se eu sugerir bombardear barcos de traficantes, a esquerda acha um escândalo", comparou Flávio.
Nas redes, o deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) repetiu o tom irônico: “Brasil soberano da esquerda aí”, escreveu, em referência ao slogan do governo federal. O parlamentar, que tem forte atuação digital e é um dos principais puxadores de voto do PL, tenta manter acesa a bandeira do enfrentamento ao crime — um dos pilares do bolsonarismo.
O deputado federal Deltan Dallagnol (Novo-PR) também associou a megaoperação carioca com a recente declaração do presidente:
"O crime organizado está usando até drones com bombas, mas para Lula, a culpa é dos usuários que oprimem os pobres traficantes", ressaltou.
No plenário da Câmara dos Deputados, o deputado Cabo Gilberto (PL-PB) atribuiu a escalada da violência às decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) e ao governo federal. Castro e seus correligionários defendem o fim da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 635), que restringe as atividades policiais em comunidades, que tramita na Suprema Corte.
— O estado do Rio enfrenta tudo isso por conta das limitações impostas às ações policiais e pela condução do descondenado Lula — afirmou.
O alinhamento do discurso reforçou a tentativa do grupo de transferir a responsabilização da crise de segurança para o Planalto, poupando Castro, cuja gestão é vista como estratégica para o PL fluminense em 2026. O discurso também ecoa o do próprio governador, que, em entrevista à imprensa, afirmou que o combate ao tráfico de drogas tem excedido a capacidade do estado e defendeu um apoio mais efetivo das Forças Armadas.
Aliados do PL fluminense avaliam ainda que a megaoperação para combater o Comando Vermelho tende a fortalecer Castro, que tem na pauta da segurança um de seus principais ativos políticos. O diagnóstico é compartilhado entre parlamentares do partido, que veem nas ações de confronto o instrumento mais eficaz de comunicação com a base bolsonarista e parte da população, insatifeita com a violência urbana.
A operação desta terça-feira, batizada de Contenção, foi deflagrada para conter o avanço do Comando Vermelho em comunidades da Zona Norte e resultou na morte de quatro policiais civis e de 52 suspeitos, além de feridos entre moradores. De acordo com o Ministério Público do Rio, os alvos eram lideranças que vinham expandindo o território da facção e abrigavam criminosos de outros estados.

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