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De olho no futuro, alunos criam refeitório sustentável com reuso de águas cinzas

12/10/2025 15:10 Campo Grande News - Política

Entre hortas, abelhas e tanques de peixes, os alunos da Escola Municipal Agrícola Barão do Rio Branco, no distrito de Rochedinho, aprenderam que cuidar da natureza também pode transformar o ambiente em que vivem. Foi assim que, com criatividade e trabalho em grupo, eles ergueram o próprio refeitório sustentável, feito com materiais reaproveitados e um sistema próprio de filtragem das chamadas águas cinzas. A ideia surgiu dentro do projeto “Controlador Jovem em Ação”, que incentiva o protagonismo estudantil. Neste ano, os 20 participantes decidiram enfrentar um desafio: construir um espaço adequado para as refeições. “Eles escolheram esse refeitório porque eles não têm um espaço adequado para almoçar. A gente aqui é uma escola de tempo integral e eles almoçam cada turma na sua sala. Eles vêm, servem e voltam para a sala. Eles não tinham aquele local aconchegante. Então eles falaram assim: ‘a gente quer um refeitório’”, relembra a professora e orientadora do projeto, Crissia Fernandes Tapeti. A estudante Bianca Coelho, de 14 anos, conta que participou de todas as etapas e atuou como executora. “Participamos de tudo, desde escolher o projeto até auxiliá-los. Nós fizemos uma análise para ver do que precisávamos na escola e, no final, decidimos pelo refeitório sustentável, algo de que a gente precisava aqui na escola.” Todos os materiais usados foram doados, mas havia uma exigência: tudo deveria ser sustentável. Assim, as telhas tradicionais deram lugar a folhas de bacuri; a pia foi feita de um cocho de madeira reaproveitada e o chão recebeu paletes em vez de pisos e cimento. Durante a execução, os estudantes decidiram que a água usada na pia seria reaproveitada. O processo de filtragem é dividido em cinco etapas, em declive de terreno. A água passa primeiro por um decantador e depois por três camadas de filtragem, com brita, areia e carvão, até chegar à cisterna, onde é armazenada para reutilização. “Os alunos ajudaram: eles vieram aqui, viram, trouxeram as caixas e conferiram como é o sistema. É mais fácil para a gente, adultos, chegar e fazer, mas, quando eu faço isso, deixo de criar amor naquilo que a criança está produzindo, para ela dizer que é dela também, porque, quando uma coisa é minha, eu cuido com o melhor cuidado e maior atenção”, explica Regivaldo Ortega, coordenador do campo. Foi durante a obra que os alunos conheceram o conceito das chamadas “águas cinzas”, que são aquelas que podem ser reutilizadas após o uso doméstico, como as da pia e da máquina de lavar. “Eu achei muito interessante porque é uma água que a gente não precisa tratar para ser utilizada. E muitas vezes a gente a utiliza sem nem saber. Por exemplo, na minha casa, a minha mãe pega a água da máquina e joga na calçada para lavar também, e eu não sabia que tinha um nome e que era uma prática realmente sustentável”, conta Bianca. Para Ana Lia Teodoro, de 13 anos, que desenhou a planta do refeitório, a descoberta também foi uma surpresa. “Eu pensei: ‘caraca, água pode ser reutilizada desse jeito?’ Achei muito legal. Eu contei pra todo mundo. Minha família inteira já reutilizava a água e quando eles souberam o nome, ficaram: ‘nossa, isso tem nome’. Foi muito legal”, diz animada. O aprendizado não ficou apenas dentro da escola. Os alunos percorreram as ruas de Rochedinho para ensinar à comunidade sobre as águas cinzas e o reuso da água. “Levamos para todo lugar, porque esse projeto vai muito além da escola, nos prepara para a nossa vida em comunidade”, afirma Marcela Rocha, de 12 anos. Além do refeitório, os estudantes aprendem na prática o manejo rural e participam de atividades de campo, como o cultivo de hortaliças, flores, plantas medicinais e a criação de peixes e bovinos. Eles também têm aulas práticas de inseminação em gado, conhecem o funcionamento de um meliponário e cuidam de um minhocário. Quando os tanques de peixes são limpos, a água retirada é armazenada e usada na irrigação da horta. Os alimentos cultivados servem para o consumo dos próprios alunos e para a produção de geleias, que são vendidas na comunidade. O mesmo acontece com o leite, transformado em doce na cozinha experimental, também criada pelos alunos em uma edição anterior do projeto “Controlador Jovem em Ação”. “Depois que eles aprendem a fazer os doces e geleias, eles dizem que está barato demais, mas isso ocorre porque perceberam quanto tempo leva para fazer e o trabalho que dá. Aqui, ensinamos a eles a produzir e calcular o lucro”, conta Regivaldo. O diretor Francisley Galdino lembra que nem sempre a escola foi exemplo de sustentabilidade. Durante anos, o acúmulo de resíduos em fossas causava mau cheiro e contaminava o solo. “De tempos em tempos, a gente tinha problemas no sistema de água da cozinha e do banheiro. A fossa enchia e transbordava, e precisávamos deslocar um caminhão de Campo Grande para cá, para esvaziar e limpar o reservatório. Tínhamos muito trabalho com isso, além do mau cheiro e dos impactos ao meio ambiente, que

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