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Violência sexual é violação que mais vitima meninas, aponta pesquisa

11/10/2025 18:21 Campo Grande News - Política

De cada dez brasileiros, nove (87%) destacam a violência sexual como o tipo de violação que mais vitima meninas. E também é considerada a mais comum no país por 43% da população. Os dados constam da pesquisa Percepções sobre violência e vulnerabilidade de meninas no Brasil consolidada pelo Instituto QualiBest, a pedido da Plan Brasil. Os resultados foram divulgados por ocasião do Dia Internacional da Menina, celebrado neste sábado (11). Também foram bastante citadas no questionário aplicado, além da violência sexual, a física; a psicológica/emocional; e a online, que envolve os casos de cyberbullying, assédio e exposição de imagens na internet. Gravidez na adolescência, que pode, inclusive, ser resultante de um estupro, foi outro destaque (56%).  A pesquisa coletou, por meio de formulário online, avaliações de 824 pessoas de todas as classes sociais e regiões do Brasil, das quais 433 eram mulheres e 381 homens. A proporção de pessoas que percebem a adultização de meninas como uma forma de violência também foi expressiva no levantamento, de 90% (61% acham que caracteriza totalmente uma violência e 29% que consiste apenas em parte). Ana Nery Lima, especialista em gênero e inclusão da Plan Brasil, alerta para as poucas menções de falta de acesso à educação (36%), casamento infantil (43%), trabalho infantil (46%) e negligência (48%). "A gente tem uma gama de outras violências que, inclusive, leva à violência física e ao feminicídio como consequência", argumenta, pontuando que o reconhecimento, por parte das vítimas, de qual tipo de violência sofreram é fundamental para poderem denunciar adequadamente.  Segundo a pesquisadora, assim como é importante entender como ocorre o ciclo de violência, caracterizado pelo aumento da tensão entre agressor e vítima, o cometimento e o período de lua-de-mel, que é quando o agressor promete mudar e pede desculpas, recomeçando tudo novamente, caso a vítima não rompa o vínculo. Mais da metade (60%) das pessoas entrevistadas julgam que, na atualidade, as meninas estão "muito mais vulneráveis" do que há uma década. Tal sensação é mais intensa entre pais e mães (69%). É quase unânime, entre os mais de 800 respondentes, a opinião de que a internet e as redes sociais aumentam a vulnerabilidade de meninas (92%), e mais da metade (51%) dos participantes respondeu que seus filhos e filhas menores de 18 anos de idade mantêm perfis nas redes sociais, sendo o Instagram (80%), o WhatsApp (75%), o TikTok (57%) e o YouTube (49%) predominantes. Há mais de duas décadas no ar, o Facebook, que chegou ao Brasil na segunda metade dos anos 2000, hoje registra 47% da presença de crianças e adolescentes. Kwai e X (antigo Twitter) aparecem por último na lista, com 27% e 13%, respectivamente. De 359 entrevistados, 74% afirmaram publicar fotos de seus filhos ou filhas com menos de 18 anos de idade nas redes sociais. Pouco mais de um quarto (27%) as veicula com frequência, em perfis fechados, ou seja, vistos por amigos e familiares. Um terço (33%) diz colocar as fotos "raramente e de forma controlada", enquanto 6% publicam em perfil aberto, tomando medidas que acreditam preservar suas filhas e filhos, como restringir comentários de seguidores.  Um total de 8% publica fotos sem nenhuma restrição especial. Além disso, 92% dos participantes do levantamento são a favor da responsabilização de adultos que tirem proveito financeiro da exposição de meninas na internet ou que as coloquem em risco no ambiente online. Casa - Um aspecto constatado pela pesquisa, a partir da amostragem, é o de que a maioria da população (83%) indica a internet como o ambiente mais perigoso para as meninas. Muito mais do que suas próprias casas (33%), porcentagem que varia pouco quando se observam as respostas das participantes mulheres (37%).  A constatação, segundo os pesquisadores, representa uma questão discutível, já que estatísticas sempre apontam que a maior parte das violências de gênero, seja contra meninas, seja contra mulheres adultas, acontece em suas residências e é praticada por conhecidos das vítimas, incluindo parentes e companheiros e ex-companheiros românticos.  A diretora da SaferNet Brasil, Juliana Cunha, esclarece a controvérsia que faz com que muitas pessoas não vejam as residências como o principal local onde violências de gênero, que vão da violência sexual ao feminicídio, são cometidas. “Trata-se de algo arraigado cultural e, portanto, profundamente na sociedade brasileira e que explica por que os lares são considerados menos ameaçadores do que ruas e bairros (53%) e o transporte público (47%)”, explica. "A gente ainda tem uma percepção de risco muito associada ao nosso imaginário de que o perigo é esse adulto estranho. E a gente acaba não olhando para uma fonte de risco que é muito mais frequente, não só nos dados, mas também nos relatos das vítimas, que é alguém da mesma idade, ou seja, não necessariamente um adulto, mas um par, às vezes um adolescente, colega da escola, e, quanto à violência

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