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Das invasões com os sem-teto ao Planalto, relembre a trajetória de Boulos, novo ministro de Lula

20/10/2025 22:48 O Globo - Rio/Política RJ

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nomeou Guilherme Boulos (PSOL) como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência. Aos 43 anos, o parlamentar substitui no cargo Márcio Macêdo, ex-vice-presidente e tesoureiro do PT nacional. Deputado federal pelo estado de São Paulo, Boulos é professor, psicanalista, escritor e ativista.
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A chegada ao Planalto é o mais novo capítulo de sua carreira política, iniciada como militante do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). Ainda hoje, a trajetória de duas décadas no movimento social serve de munição para adversários políticos, que citam invasões de propriedades e atos violentos para atrelarem a ele a pecha de "extremista".
Num dos episódios mais conhecidos, em janeiro de 2017, o então líder do MTST foi detido em meio a uma reintegração de posse de terreno ocupado no bairro São Mateus, na Zona Leste de São Paulo. Boulos foi detido por desobediência judicial e incitação à violência e levado ao 49º DP. Ele passou cerca de 10 horas na delegacia antes de ser liberado mediante assinatura de termo circunstanciado.
Na época, o delegado José Francisco Rodrigues Filho justificou que Boulos poderia ter impedido o confronto das pessoas com a Polícia Militar, que teria envolvido pedras e rojões. O deputado, em contrapartida, reclamou que a prisão teria motivação política. A PM era subordinada ao então governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, ainda no PSDB, hoje vice de Lula.
Em 2016, o MTST realizou ato na Avenida Paulista, em São Paulo, em repúdio à aprovação da PEC do Teto de Gastos pelo Congresso. O grupo atirou fogos de artifício, pedras e paus no prédio da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e entrou em confronto com seguranças portando cassetetes. Boulos declarou, na época, que os danos na fachada do prédio eram "muito pouco" perto dos danos que a Fiesp estaria causando ao povo.
Em meio à corrida pela prefeitura de São Paulo, no ano passado, Boulos rebateu a participação no ato e a fama de radical. Disse que seu papel era defender "com unhas e dentes" os manifestantes, mesmo quando protestos desandavam para a violência, mas que com o tempo se dispôs mais ao diálogo. A disputa municipal, da qual saiu derrotado, consolidou a ascensão política e partidária do ex-militante.
Logo na estreia em corridas eleitorais, em 2018, Boulos se lançou à Presidência. Com Lula preso em Curitiba, imaginou que herdaria parte de seu eleitorado mais à esquerda. Terminou num frustrante décimo lugar, com 0,58% dos votos válidos. Foi o pior desempenho da história do PSOL, que já havia disputado o Planalto com Heloísa Helena (2006), Plínio de Arruda Sampaio (2010) e Luciana Genro (2014).
Dois anos depois, Boulos se reapresentou como candidato a prefeito de São Paulo. Com apenas 17 segundos no horário eleitoral, apostou nas redes sociais, empolgou os jovens e chegou ao segundo turno com Bruno Covas (PSDB). Recebeu 40,6% dos votos, resultado que impressionou o padrinho político e o credenciou para voos mais altos.
Em 2022, o psolista ensaiou se lançar ao governo de São Paulo. Foi dissuadido por Lula, que o convenceu a apoiar Fernando Haddad (PT) em troca de uma recompensa na eleição seguinte. O acordo se mostraria amplamente vantajoso para Boulos. Ele foi o deputado federal mais votado do estado e acumulou forças para disputar a prefeitura novamente. Lula cumpriu o combinado e forçou o PT a um sacrifício inédito. O partido abriu mão de lançar candidato próprio na maior cidade do país.
Além de montar a chapa, o presidente se empenhou para que Boulos tivesse condições reais de competir. Na convenção que oficializou a candidatura, derramou-se em elogios ao pupilo, a quem chamou de “predestinado”. Com alguma resistência, o candidato aceitou vestir terno, aparar a barba e abrandar o discurso sobre temas como drogas e aborto. Foi ao segundo turno por apenas 56 mil votos e acabou vencido pelo candidato à reeleição, Ricardo Nunes (MDB).
Volta à 'esquerda raiz'
Desde a derrota na disputa pela prefeitura de São Paulo, no ano passado, Boulos tomou a frente das mobilizações e dos enfrentamentos do bloco político. Depois de investir na imagem de moderado durante a campanha, em busca do voto dos eleitores de centro, o parlamentar voltou à "esquerda raiz". Assumiu a artilharia contra adversários do governo Lula no Congresso, nas redes sociais e em São Paulo, se cacifando para assumir o lugar de Macedo na pasta responsável pela articulação com os movimentos sociais.
Durante a corrida municipal, ele modulou falas sobre temas como a descriminalização das drogas e o regime político da Venezuela, apontado como ditatorial. Ao final da disputa, participou até de uma live com o ex-coach Pablo Marçal (PRTB), derrotado no primeiro turno, e afirmou não ser “movido por mágoas”, após ter sido acusado pelo

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