/https://i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2025/H/2/SUS8eER6SAGoWW8upKkw/1812608965.jpg)
Correios: saiba o que está por trás da crise que se arrasta por 12 trimestres de prejuízos
A Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos, os Correios, enfrenta uma crise econômico-financeira, que começou em meados de 2022, no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro, e que continua na gestão Luiz Inácio Lula da Silva.
Desde 2022, são 12 trimestres seguidos de prejuízos na empresa pública, que alcançou um déficit de R$ 4,36 bilhões no primeiro semestre de 2025.
🔎O termo "déficit" significa que os gastos somados foram maiores que a receita que os Correios conseguiu gerar no ano.
Na última quarta-feira (15), a estatal anunciou que busca R$ 20 bilhões em empréstimo para tentar conter a crise.
Os resultados negativos em sequência resultaram, no ano passado, no primeiro prejuízo bilionário da empresa desde 2016.
Naquele ano, os Correios tiveram prejuízo de R$ 1,5 bilhão (R$ 2,3 bilhões, em valores atualizados). Em 2024, o prejuízo foi de R$ 2,6 bilhões.
Veja abaixo um resumo dos principais fatores que levaram os Correios à atual situação:
Gastos com pessoal
Remessa Conforme
Fluxo de Caixa
Investimentos
Precatórias
Unidades deficitárias
Alternativas
Gastos com pessoal
Um dos motivos que levaram ao primeiro prejuízo em 2022 não é muito diferente do que acontece na atual gestão: gastos com pessoal.
À época, a gestão do presidente Floriano Peixoto Vieira Neto informou que os custos tinham aumentado em função de dois reajustes salariais, um de 9,75%, retroativo a agosto de 2021, após acordo com o Tribunal Superior do Trabalho (TST), em setembro de 2022.
E outro de 10,12%, quase duas vezes maior que a inflação daquele ano, mais um abono indenizatório de R$ 1 mil para cada empregado.
Os acordos coletivos de trabalho dos Correios são firmados ao longo do ano e por isso têm validade em um intervalo de 12 meses que atinge dois anos diferentes, geralmente o segundo semestre de um e o primeiro semestre do seguinte.
Só naquele ano, o impacto dos dois reajustes salariais nas contas dos Correios foi de R$ 820,5 milhões. Entretanto, o segundo reajuste salarial, que também envolveu os vales de alimentação e de refeição, causou um impacto de R$ 1,3 bilhão para o ano de 2023, já sob a gestão do presidente Fabiano Silva.
No ano seguinte, em 2024, os Correios assinaram um novo acordo coletivo que concedeu até 6,57% de reajuste salarial para 71 mil empregados, a inflação no ano foi de 4,83%.
Somado a isso, também foi aprovado um reajuste aumentando a base salarial em 30%. E o impacto em 2024 foi uma elevação de gastos com folha de pagamento de R$ 894 milhões.
Já o acordo coletivo estabelecido no ano passado previu um reajuste linear de 4,11% para os empregados e um benefício de gratificação de 70% a ser recebido nas férias seguintes à assinatura.
Com isso, só no primeiro semestre deste ano de 2025 o aumento na folha de pagamento foi de R$ 547 milhões.
Além desses gastos, em 2024 os Correios fecharam um acordo com a Superintendência Nacional de Previdência Complementar (PREVIC) para assumir uma dívida referente ao "Plano de Benefício Definido (PBD)" de aposentadoria e pensão para os funcionários.
Com isso, a empresa acordou pagar agora R$ 2,4 bilhões, corrigido pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) em 349 meses. E mais uma previsão de R$ 5,4 bilhões que deverão ser pagos conforme a aposentadoria dos beneficiários do plano.
Remessa Conforme
Outro fator que impactou diretamente a situação econômico-financeira da estatal foram as mudanças implementadas pelo programa "Remessa Conforme", criado pelo Ministério da Fazenda em 2023.
O governo passou a cobrar imposto de importação de 20% sobre compras internacionais de até US$ 50, que até então estavam isentas para empresas. A medida ficou conhecida como "taxa das blusinhas".
Com a instituição do programa, a legislação brasileira passou a permitir que empresas de transportes façam o frete pelo Brasil de mercadorias internacionais, deixando de ser obrigatória a distribuição das encomendas junto ao Correios, como era feito até então.
E isso gerou um impacto significativo nas receitas dos Correios. Um estudo produzido pela empresa no começo do ano apontou que a estatal teve uma frustração de receita de R$ 2,2 bilhões após o implemento do programa.
As demonstrações financeiras de 2024 apontam que houve uma redução de receita com encomendas internacionais de R$ 531 milhões, em relação a 2023.
Já para o primeiro semestre de 2025, os Correios obtiveram R$ 815 milhões de receita com as encomendas internacionais e viram a redução dessa renda despencar em R$ 1,3 bilhão em relação ao mesmo período do ano passado, quando registrou R$ 2,1 bilhões.
Com a difusão das compras por meio de marketplaces internacionais, nos últimos anos, essa receita chegou a responder por quase 25% de todo o faturamento da empresa.
Ainda no primeiro semestre deste ano, os Correios até conseguiram aumentar suas receitas com transporte de encomendas em território brasileiro, entretanto não foi o suficiente para melhorar o resultado financeiro da empresa.
Fluxo de caixa
Com o aumento de despesas
Fonte original: abrir