Lula diz a estudantes que espera que 'nunca mais um presidente de outro país ouse falar grosso com o Brasil'

Lula a estudantes: 'Que nunca mais um presidente de outro país ouse falar grosso com o Brasil'
Em discurso para estudantes de cursinhos populares em São Bernardo do Campo, na manhã deste sábado (18), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que a América Latina deve ser um "continente independente" e que "nunca mais um presidente de outro país ouse falar grosso com o Brasil".
Lula anunciou a ampliação da Rede Nacional de Cursinhos Populares (CPOP) para o ano que vem, para atender estudantes que querem ingressar na universidade. O presidente estava acompanhado dos ministros da Educação, Camilo Santana, e da Fazenda, Fernando Haddad.
"Nós também fizemos a Universidade da América Latina em Foz do Iguaçu. A gente quer formar uma doutrina latino-americana com professor latino-americano, com estudantes latino-americanos, para que a gente possa sonhar que esse continente um dia vai ser independente, que nunca mais um presidente de outro país ouse falar grosso com o Brasil, porque a gente não vai aceitar", disse Lula.
A declaração vem em meio a negociações entre Brasil e Estados Unidos sobre as tarifas impostas pelo governo de Donald Trump a produtos brasileiros.
O presidente americano relacionou as tarifas a questões políticas internas do Brasil — como a condenação do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe —, o que tem feito Lula reforçar o discurso sobre soberania nacional.
Em outra frente, Trump afirmou, na última quarta (15), ter autorizado operações secretas da CIA em território venezuelano. O presidente dos EUA disse estar estudando ataques terrestres contra cartéis de drogas do país.
Lula planeja comentar a crise entre Washington e Caracas no encontro presencial que deve ter com Trump ainda neste ano.
Segundo interlocutores do presidente brasileiro, ele quer deixar claro que uma intervenção militar americana na Venezuela poderá desestabilizar toda a região, criando um cenário mais propício para o narcotráfico.
Cursinhos
No evento deste sábado, o ministro Camilo Santana anunciou a ampliação da rede de cursinhos populares, criada por decreto presidencial em março deste ano.
"Hoje, 384 cursinhos populares estão sendo apoiados pelo Ministério da Educação e pelo governo do presidente Lula. Vamos anunciar aqui o novo edital que vai ser aberto em dezembro e vamos chegar a 500 cursinhos em todo o Brasil", disse Santana.
"Falar em democracia é falar em educação, falar em soberania é falar em educação", destacou também o ministro da Educação.
Presidente Lula e ministros Camilo Santana e Fernando Haddad participam de encontro com alunos de cursinhos populares.
Júlia Zaremba/GloboNews
Segundo nota publicada pelo governo, os 384 cursinhos populares atuais atendem cerca de 12,1 mil estudantes em todas as regiões do país, com investimento total de R$ 74 milhões. O novo edital para 2026 prevê R$ 100 milhões de investimento.
"Cada cursinho contemplado [no primeiro edital] recebeu até R$ 163,2 mil para pagamento de professores, coordenadores e equipe técnico-administrativa, além de auxílio-permanência de R$ 200 mensais para até 40 alunos por unidade", informou o governo.

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