
Como Endrick ficou para trás na fila do Real Madrid e da seleção brasileira
"Não vou mentir... Não esperava tudo isso. Tanta gente assim", disse um emocionado Endrick em sua apresentação no Real Madrid, diante de 43 mil torcedores no Santiago Bernabéu. O primeiro contato mostrou o tamanho da expectativa em torno do atacante de 18 anos, então a nova joia brasileira que chegava depois de Vini Jr e de Rodrygo. Quase um ano e três meses depois, ela não se cumpriu.
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Desde que se recuperou de uma lesão na coxa direita, Endrick completou um mês seguido no banco de reservas. É o único jogador de linha do Real (dentre os que não estão no departamento médico) que ainda não jogou um minuto sequer nesta temporada. Foi para o fim da fila do ataque merengue e já virou alvo de rumores de um possível empréstimo na janela de transferências de janeiro.
Para entender como o brasileiro foi parar nesta situação, primeiro é preciso retroceder 11 dias em relação à sua apresentação. No mesmo Santiago Bernabéu, mas diante de 80 mil, Kylian Mbappé vestiu a camisa do Real pela primeira vez. Quando Endrick acertou sua transferência para o clube espanhol, em dezembro de 2022, o atacante francês ainda tinha mais um ano e meio de contrato com o PSG. Ao chegarem juntos, as chances do brasileiro ter uma sequência logo em seu primeiro ano ficaram bastante reduzidas.
E assim foi. Na primeiro semestre da temporada 2024/25, Endrick atuou por apenas 157 minutos (sem contar os acréscimos), tendo sido titular em um único jogo e marcado dois gols. Na virada do ano, o então técnico do Real Carlo Ancelotti lhe deu mais oportunidades. Entre janeiro e maio, o brasileiro jogou 687 minutos. Iniciou as partidas em sete ocasiões e balançou as redes quatro vezes. As perpectivas para o segundo ano em Madri eram mais animadoras. Até a lesão.
A contusão na coxa direita deixou Endrick quatro meses fora de combate num momento crucial. Ele perdeu os primeiros meses de Xabi Alonso no Real e o início de Ancelotti com a Amarelinha. Viu os concorrentes tanto em Madri quanto na seleção brasileira ganharem vantagem nas duas corridas.
No Real, como se não bastasse Mbappé ter se tornado o centro do time de Xabi a ponto de nunca ser poupado, Gonzalo García aproveitou bem o Mundial de Clubes e saiu da base já como o reserva imediato do francês.
É nítido como as poucas oportunidades no Real afetaram diretamente a história de Endrick com a Amarelinha. No primeiro semestre de 2024, quando ainda era jogador do Palmeiras, ele ganhou as primeiras oportunidades na seleção principal. E não desperdiçou. Entre amistosos e Copa América, somou 242 minutos (sem contar os acréscimos), foi titular uma vez e marcou três gols. Com a ida para Madri, entrou em declínio.
No segundo semestre de 2024, Endrick somou apenas 72 minutos pela seleção. No primeiro de 2025, caiu para 45. Desde a lesão, nunca mais jogou pelo Real e, consequentemente, nem pelo Brasil.
A disputa pelas vagas de centroavante para a seleção na Copa de 2026 segue aberta. Mas Endrick vê os concorrentes muito de longe. Ancelotti já chamou cinco jogadores com este perfil. Matheus Cunha é quem mais esteve em campo (218 minutos), seguido de Richarlison (174) e João Pedro (100). Igor Jesus e Kaio Jorge também já foram convocados e entraram durante os jogos. Em comum, todos têm atuado por suas equipes.
Na última terça, Xabi desconversou sobre o futuro de Endrick. Ele evitou falar sobre um possível empréstimo e disse que o jovem de 19 anos precisa estar preparado para quando a oportunidade chegar, já que "a competição no ataque é intensa". Só que nesta quarta, no 1 a 0 sobre a Juventus, pela Liga dos Campeões, ela não veio mais uma vez.
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