
Com crise de imagem, Câmara contrata consultoria por R$ 5 milhões para reformular redes sociais após desgaste da PEC da Blindagem
Com a crise de imagem da Câmara após o desgaste da PEC da Blindagem, o presidente da Casa, Hugo Motta (Republicanos-PB), contratou por R$ 4,97 milhões a Fundação Getulio Vargas (FGV) para reformular a presença da Casa nas redes sociais.
O contrato, assinado em 3 de outubro, tem vigência até agosto de 2026 e foi firmado sem licitação, com base na legislação que permite acordos diretos em casos de notória especialização. O documento prevê a elaboração de diagnósticos, relatórios e manuais técnicos, além da criação de laboratórios de inovação e inteligência em comunicação. A informação foi inicialmente divulgada pelo portal g1 e confirmada, em seguida, pelo GLOBO.
Entre as entregas previstas estão planos para modernizar a linguagem, investir mais em vídeos e um modelo de análise dos resultados. O texto impõe sigilo sobre todas as informações acessadas pela FGV e proíbe a subcontratação de atividades principais. Também serão oferecidas aulas de capacitação para servidores da área de comunicação.
Nos bastidores, a contratação é vista como parte da tentativa de Motta de recuperar a imagem da Câmara e dar uma nova marca à sua gestão após semanas de críticas. A derrota da PEC da Blindagem, interpretada como gesto de autoproteção dos parlamentares, acentuou o desgaste da instituição e levou o presidente a rever a forma de comunicação com o público.
O contrato soma-se a outros instrumentos em vigor na área de comunicação, como acordos para serviços de design e produção audiovisual.
Desde a derrota da PEC, Motta tem buscado reorganizar a agenda política em torno de pautas de consenso e alto apelo social. A aposta é que a comunicação reformulada nas redes venha acompanhada de uma pauta de resultados, capaz de reduzir o desgaste político e reconectar a Câmara com a opinião pública.
Nos últimos dias, o plenário aprovou uma série de projetos nas áreas de educação, saúde e proteção infantil. Entre terça e quarta-feira, foram quinze propostas voltadas à infância, como o projeto que endurece penas para estupro de vulnerável e estabelece autorização judicial para influenciadores mirins.
A estratégia, porém, ainda enfrenta ruídos. Na quarta-feira, a Câmara aprovou a suspensão da ação penal a que o deputado Gustavo Gayer (PL-GO) responde no Supremo Tribunal Federal por calúnia contra os senadores Jorge Kajuru (PSB-GO) e Vanderlan Cardoso (PSD-GO). A decisão, articulada pelo PL e chancelada por 268 parlamentares, repetiu o precedente aberto no caso de Alexandre Ramagem (PL-RJ). A Constituição estabelece que o Congresso pode interromper o andamento de processos contra parlamentares, enquanto durar o mandato, desde que referentes a crimes cometidos após a diplomação.
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