
Boulos deve intensificar relação do governo com os movimentos sociais de olho na campanha de Lula à reeleição
Anunciado ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Guilherme Boulos terá como principal missão na pasta aproximar os movimentos sociais do governo de olho na eleição do ano que vem.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva gostaria de ver as entidades mais engajadas em pautas do Palácio do Planalto e mobilizadas para propagar as iniciativas da gestão federal.
Na campanha presidencial, os movimentos sociais poderiam atuar como cabos eleitorais de Lula.
Até ser eleito deputado federal em 2022 pelo PSOL, Boulos era líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST). A princípio, a sua escolha não agrada movimentos mais ligados ao PT, como o MST.
O novo ministro também deve ter papel na negociação para a criação de regras para trabalhadores que trabalham por meio de aplicativos, seja de entregas ou de transporte. Essa foi uma promessa de Lula na eleição de 2022 não cumprida até agora.
A expectativa é que Boulos fique no cargo até o fim do terceiro mandato de Lula em dezembro do ano que vem. Assim, o novo ministro não deve disputar a eleição de 2026, o que fará o PSOL sair em busca de outro puxador de votos em São Paulo para não perder espaço no Congresso.
A mudança leva o governo Lula a chegar à décima terceira troca no primeiro escalão. Desde o início do terceiro mandato do petista, em janeiro de 2023, a média é de uma mudança do gênero a cada 76 dias, ou dois meses e meio.
Veja as mudanças anteriores
Gonçalves Dias (sem partido)
Deixou o Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República em abril de 2023, após virem à tona vídeos de sua postura durante os atos de 8 de janeiro daquele ano
Daniela Carneiro (União Brasil)
Em julho de 2023, foi substituída no Ministério do Turismo por Celso Sabino, do mesmo partido, em busca de mais apoio da sigla no Congresso
Ana Moser (sem partido)
A ex-jogadora de vôlei deixou o Ministério do Esporte em setembro de 2023 para dar lugar a André Fufuca (PP), mais uma vez numa costura política junto ao Centrão
Márcio França (PSB)
Nas mesmas tratativas, Silvio Costa Filho (Republicanos) assumiu a pasta de Portos e Aeroportos. França foi realocado no então recém-criado Ministério do Empreendedorismo, da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte
Flávio Dino (PSB)
Deixou a Esplanada no início de 2024 para assumir uma cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF) e foi substituído por Ricardo Lewandowski (sem partido) no Ministério da Justiça e Segurança Pública
Silvio Almeida (sem partido)
Acusado de assédio por Anielle Franco, ministra da Igualdade Racial, acabou sendo trocado por Macaé Evaristo (PT) na pasta de Direitos Humanos e Cidadania em setembro do ano passado
Paulo Pimenta (PT)
Foi substituído por Sidônio Palmeira (sem partido) na Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República no início deste ano após críticas à condução da área
Nísia Trindade (sem partido)
Um mês depois, em fevereiro, a ministra da Saúde não resistiu a diferentes pressões e deu lugar a Alexandre Padilha (PT)
Alexandre Padilha (PT)
Antes de assumir a pasta da Saúde, Padilha ocupava a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) da Presidência da República, que passou a ser comandada por Gleisi Hoffmann (PT)
Juscelino Filho (União Brasil)
Entregou o cargo de ministro das Comunicações para focar na própria defesa após ser denunciado pela PGR por suspeita de desvio de emendas parlamentares
Carlos Lupi (PDT)
O ministro da Previdência, Carlos Lupi pediu demissão do cargo de ministro da Previdência em maio, nove dias após uma operação da Polícia Federal (PF) e da Controladoria-Geral da União (CGU) revelar um esquema bilionário de desvios em aposentadorias e pensões do INSS
Cida Gonçalves (PT)
A ex-ministro das Mulheres foi substituída do cargo por Lula pela assistente social e professora Márcia Lopes em maio deste ano, diante de descontentamento no Planalto quanto à gestão da pasta e processos na Comissão de Ética da Presidência contra a então titular
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