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Após críticas por pedágios e Coca-Cola, Tarcísio vira alvo nas redes por cobrança sobre gorjeta de garçons

17/10/2025 06:31 O Globo - Rio/Política RJ

A estratégia do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) de modular o discurso, retomando o figurino de gestor estadual, não conseguiu dissuadir as redes lulistas de apontá-lo como alvo prioritário e candidato favorito de Jair Bolsonaro (PL). Levantamento realizado pela consultoria Bites, a pedido do GLOBO, mostra que Tarcísio enfrenta uma oposição ruidosa nas redes sociais e que continua em alta mesmo com a menor exposição adotada em suas próprias contas.
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As menções a seu respeito explodiram a partir de 9 de julho, com o anúncio do “tarifaço” pelo presidente americano, Donald Trump. Foram registrados 6,8 milhões de conteúdos em redes como Twitter, Instagram e Facebook desde então, contra 2,3 milhões no período anterior equivalente — crescimento de quase três vezes e que eleva a média diária a quase 24 mil posts. Já a quantidade de publicações de autoria de Tarcísio caiu de 616 para 329, redução de 46,6%.
A análise aponta que, além das sanções econômicas de Trump deflagradas em apoio a Bolsonaro, assuntos como o PL anistia, os pedágios “free flow”, o caso Ultrafarma, a crise do metanol, a atuação contra a MP federal dos impostos sobre rendimentos de aplicações financeiras e a cobrança de ICMS sobre gorjetas de garçons no estado renderam os principais picos de atenção nesse mesmo recorte de tempo. Com exceção da anistia, que costuma ser uma “bola dividida” em virtude das redes bolsonaristas, os demais representam reveses mais evidentes a Tarcísio.
— Na prática, em todos os casos, os principais críticos ao governador foram perfis alinhados ao governo Lula, mostrando que ele é considerado o provável adversário em 2026 — analisa o diretor técnico da Bites, André Eler.
A sucessão de polêmicas também é um sintoma observado a partir da taxa de interação dos posts do governador. Na contramão da quantidade de publicações, a média de curtidas, comentários e compartilhamentos aumentou 43% nos seus perfis oficiais. O GLOBO observou ainda que Tarcísio tem à sua disposição uma equipe disposta a fazer moderação de comentários, excluindo aqueles considerados ofensivos. Dessa forma, a taxa tende a estar subestimada no levantamento.
Por outro lado, Tarcísio aumentou o número de seguidores: 396 mil novas contas em pouco mais de três meses. Seu desempenho em angariar novos públicos foi melhor no começo de agosto, portanto, antes do julgamento e da condenação de Jair Bolsonaro no Supremo Tribunal Federal (STF) por tentativa de golpe de estado.
Letícia Capone, que integra o grupo de pesquisa em Comunicação, Internet e Política da PUC-Rio e atua como diretora de monitoramento do Instituto Democracia em Xeque, acredita que a postura de Tarcísio em relação à corrida presidencial se justifica mais como uma tentativa de evitar o “fogo amigo” na extrema direita, notadamente o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL), do que para sair da mira da esquerda.
— Esse movimento vem um pouco da falta de articulação e de apoio político dentro do próprio campo. Os perfis mais ligados a Jair Bolsonaro esperam um aceno dele para 2026, e vimos uma divisão nas manifestações de 7 de Setembro e quando ele sinalizou que iria até os Estados Unidos para negociar o tarifaço. Ele não é um nome de consenso hoje nas redes da direita.
Gorjeta da discórdia
O mais recente caso em que Tarcísio é criticado nas redes versa sobre uma polêmica que envolve o pagamento de gorjetas, por parte dos clientes, a garçons de bares e restaurantes de São Paulo.
A questão começou no fim do mês passado, quando a Federação de Hotéis, Restaurantes e Bares do Estado de São Paulo (Fhoresp) enviou um ofício pedindo para o governo do estado deixar de autuar estabelecimentos que não recolhem Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) acima de 10% de caixinha, até o limite de 15% estabelecido em lei.
– Manifestamos nossa preocupação com o entendimento adotado pela Secretaria da Fazenda do Estado de São Paulo, cujos fiscais se encontram exercendo fiscalização e autuando estabelecimentos do setor representado pela Fhoresp, em razão do não recolhimento do ICMS sobre o percentual de gorjeta que exceda 10% (dez por cento). Trata-se, entretanto, de evidente equívoco interpretativo, uma vez que as gorjetas voluntárias concedidas pelos consumidores de bares, restaurantes e similares não integram a receita dos estabelecimentos, destinando-se, exclusivamente, à remuneração dos trabalhadores – afirma a entidade, em nota.
Procurada sobre o tema, a Secretaria de Comunicação de Tarcísio indicou a Secretaria da Fazenda para comentar a questão. O secretário-executivo da Secretaria da Fazenda, Rogério Campos, afirma, que as regras foram criadas durante a gestão de Geraldo Alckmin, antes de haver uma lei federal específica, e que recebeu a entidade para uma reunião.
– Eles ficaram muito satis

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