‘A mata cheira a morte’: Tia de um dos mortos em megaoperação conta que a comunidade está de luto
A dor que tomou conta dos complexos do Alemão e da Penha após a megaoperação que deixou mais de uma centena de mortos no Rio continua ecoando entre os becos e vielas. Josélia Calixta, tia de Gustavo, de 22 anos — um dos mortos na ação —, descreve um cenário de tristeza e indignação.
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— Ninguém ri, ninguém escuta uma música, porque se eu não perdi alguém, outro perdeu. Se eu não perdi um amigo, outra pessoa perdeu — disse a Josélia, tia de um dos mortos
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Segundo ela, o clima na comunidade é de luto coletivo, assim como no pátio do Instituto Médico Legal (IML), onde famílias aguardam liberação dos corpos:
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— Aqui vocês vão ver caras e caras inchadas de tanto chorar. Mas ainda tem muita gente desaparecida — disse.
Josélia diz que, desde a operação, a vida na comunidade parou.
Enquanto as autoridades falam em “enfrentamento histórico” ao crime organizado, os moradores enfrentam o trauma e o medo de andar pelas ruas.
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— A mata cheira a morte — repete Josélia.
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Ela conta que o sobrinho vai ser enterrado ainda hoje e que ele era muito querido entre todos. A família, segundo ela, alertava que essa não era a melhor vida para se levar, mas ele fez as próprias escolhas e deixou três filhos, incluindo neném de 7 meses.
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— Ninguém está negando o envolvimento deles. Mas estamos acusando de não darem chance para serem presos. E mesmo assim, morto, a gente ainda deveria ter o direito de encerrar nosso luto com dignidade. Estamos a dias tentando encerrar isso e essa espera não acaba — disse a tia.
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