‘A ética e a ciência não foram sepultadas nesses lugares’, diz Marina ao citar presença de ‘países negacionistas’ na COP

A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, avaliou nesta sexta-feira, em coletiva com balanço de um mês até o início da COP30, que a gestão “negacionista” de países como Estados Unidos e Argentina “não significa um apagão da presença deles” durante a conferência. Para a ministra, o encontro em Belém ajudará o mundo a evitar “pontos de não retorno”, além de evitar risco de retrocesso no multilateralismo nas negociações climáticas.
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Marina afirmou que as nações com postura “negacionista” estarão representadas na COP30 por meio de prefeituras, entres subnacionais e a sociedade civil. A ministra admitiu, no entanto, que esses governos dificultam as negociações pela proteção climática.
— Estamos trabalhando para que haja uma presença desses países na agenda climática —disse a ministra, que relembrou um acordo fechado com o estado da California, nos EUA, para transição energética e destacou que a prefeitura de Buenos Aires estará na conferência. — (Esse cenário) mostra que ainda que haja uma orientação central contra o clima, o bom senso, a ética e a ciência não foram sepultadas nesses países.
A ministra também ressaltou as expectativas com relação ao evento Pré-COP, que ocorrerá em Brasília a a partir de segunda-feira.
— Ainda não vamos sair com uma declaração, mas é o momento em que os laços vão ficando mais fortes, as posições vão ficando mais claras, para que a gente possa fazer o gerenciamento do que queremos reforçar, o que queremos dirimir como possíveis dúvidas ou divergências, para que a gente possa fazer com que a COP30 seja tudo aquilo que estamos anunciando.
A coletiva também contou com a presença do presidente da COP30, o embaixador André Corrêa do Lago, que citou a decisão do presidente Donald Trump de tirar os Estados Unidos do Acordo de Paris. Ele afirmou que, 11 meses após o movimento, os efeitos em outros governos foram pequenos, e não houve novas baixas.
Corrêa do Lago também ressaltou a frustração em torno da apresentação das Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs). Como mostrou o GLOBO, o prazo de entrega das revisões das metas climáticas foi encerrado em setembro com metade da adesão registrada em 2021, quando ocorreu a rodada anterior de apresentação da atualização.
Apenas as NDCs encaminhadas até esta data limite delimitada pelo secretariado da Convenção do Clima (UNFCCC) estarão no relatório-síntese da ONU, cujo objetivo é destaca os principais achados, progressos e recomendações para o evento. As metas apresentadas de outubro até a COP30, portanto, não estarão presentes no documento, mas podem auxiliar as negociações.
Segundo o embaixador, a expectativa atual é de entrega das NDCs de 125 países até novembro. O painel da UNFCCC indica a apresentação de 62 até o momento. Corrêa do Lago também afirmou que 162 nações estão credenciadas no evento até o momento, o que é acima do número que torna a negociação válida segundo o regimento do evento.
Para Ana Toni, diretora executiva da COP30, há uma melhora nos compromissos firmados nas NDCs:
— Em termos de qualidade, quando a gente olha para a primeira geração de NDCs, os compromissos eram só uma meta. Não tinham planos setoriais, não falavam como essas metas iam ser atingidas. O Brasil é copresidente da (coalizão global) NDC Partnership e a gente vem ajudando mais de 70 países a fazerem suas NDCs. O que a gente tem visto é que os países, agora, não só têm uma meta geral, mas também olham setorialmente com planos de financiamento.
A ausência, até o momento, das NDCs da União Europeia — que indicou que entregará as metas até o início da COP — e da Índia, além da saída dos Estados Unidos do Acordo de Paris, cuja meta é manter o aquecimento em até 1,5ºC em comparação aos níveis pré-industriais, preocupa ambientalistas. A avaliação é que o cenário torna mais imprevisível o entendimento do quão ousadas podem ser as negociações e traz entraves para a captação de financiamento para a conservação da natureza.

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