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'X-Tudo': médico condenado por causar lesões e necrose em paciente de SC segue proibido de exercer medicina

03/11/2025 03:01 G1 SC

'X-Tudo': Médico acusado de causar lesões a paciente em Florianópolis é condenado; VÍDEO
O cirurgião plástico Marcelo Evandro dos Santos, condenado em processo de uma paciente que sofreu queimaduras, bolhas, necroses e perda de tecido, segue proibido de exercer a medicina. O Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina (CRM-SC) prorrogou em setembro a interdição dele por seis meses.
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O médico foi condenado a cinco anos de prisão em regime semiaberto por lesão corporal grave, que causou deformidade permanente na paciente. Nesse tipo de regime, o condenado pode trabalhar ou estudar durante o dia, mas precisa retornar à prisão à noite.
A defesa informou que vai recorrer da decisão. Os advogados César Luiz da Silva e Giovani Gian da Silva questionaram a falta de ampla defesa e reforçaram que a condenação foi baseada em apenas um laudo (confira a íntegra da nota no fim da reportagem).
Além da interdição, o médico também responde a um processo administrativo no Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina, que seguia em andamento até a tarde de sexta-feira (31).
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Médico acusado de lesões durante combo de plásticas é condenado
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Letícia mostra como ficou após procedimento
Reprodução/NSC TV
Entenda o caso
O processo foi movido pela paciente Letícia Mello. A cirurgia pela qual ela passou ocorreu em fevereiro de 2024.
Segundo o relato dela, foram mais de 12 horas de procedimentos. Conforme a ação penal, o médico fez uma série de procedimentos estéticos em sequência. Letícia apresentou diversas lesões corporais, que evoluíram para necroses em diferentes partes do corpo.
A denúncia contra o médico foi feita após um inquérito da Polícia Civil que o indiciou. Imagens (assista ao vídeo no início do texto) mostraram que a mulher sofreu diversos ferimentos pelo corpo. A vítima passou 11 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e ficou mais de dois meses internada.
“Meu corpo começou a criar bolhas, começaram a aparecer umas secreções. Eu comecei a ficar totalmente queimada na barriga, nas pernas, nos braços, foi subindo para os seios e eu fiquei 20 dias ali, praticamente necrosando”, contou a vítima em reportagem à NSC TV em 2024.
Ao tratar o caso, o Ministério Público de Santa Catarina (MPSC) usou o termo "X-Tudo" para descrever os múltiplos procedimentos de uma só vez.
Médico Marcelo Evandro dos Santos
Reprodução/Redes sociais
O que diz a defesa do médico
Confira abaixo a íntegra da nota da defesa de Marcelo Evandro dos Santos.
A defesa do médico MARCELO EVANDRO DOS SANTOS recebeu com serenidade a recente decisão proferida pela justiça de primeiro grau, ainda que não concorde com os fundamentos adotados. Indubitavelmente, o caso será levado ao Tribunal de Justiça de Santa Catarina, onde serão devidamente rebatidos todos os pontos da condenação.
Desde o início, a defesa tem sustentado que não foi assegurado ao médico o pleno exercício do contraditório e da ampla defesa, pois não lhe foi permitida a realização de perícia médica com especialistas da área específica de atuação. A condenação baseia-se em laudo do Instituto Geral de Perícias (IGP), órgão que, embora relevante, não detém a expertise técnica necessária para avaliar uma situação clínica tão complexa.
Por essa razão, foi produzido um contra laudo independente, elaborado por um dos mais renomados peritos de Santa Catarina, o qual identificou falhas técnicas e inconsistências no laudo oficial, demonstrando que a paciente apresentava um fator genético pré-existente, que durante o ato cirúrgico, evoluiu para doença sintomática, responsável pelas complicações equivocadamente atribuídas à conduta do médico.
Vale destacar, que, após os fatos em questão, diversos órgãos revisaram protocolos e diretrizes médicas, justamente para incluir a devida consideração desse fator genético, em situações semelhantes, reconhecendo a importância desse fator na avaliação médica e pericial.
Importante ressaltar que o médico não apresenta qualquer condenação anterior, e possui registro de especialista em Cirurgia Plástica pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), uma das instituições médicas mais respeitadas do país. O procedimento foi realizado em ambiente hospitalar certificado, seguindo as normas técnicas e sanitárias.
Cumpre à defesa destacar que o processo tramita sob segredo de justiça, e que a divulgação indevida de informações processuais já foi levada ao conhecimento das autoridades competentes, para que sejam adotadas as medidas cabíveis de responsabilização e reparação. A exposição pública de fatos protegidos por sigilo judicial viola direitos fundamentais e compromete a integridade do devido processo legal.
O Dr. Marcelo lamenta profundamente o ocorrido com a paciente, solidarizando-se com a mesma e seus familiares, sem deixar de reafirmar que agiu dentro dos parâmetros técnicos e científicos reconhecidos pel

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