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Herança ancestral e cultural de quilombo bicentenário em SC é preservada com o ecoturismo

03/11/2025 07:00 G1 SC

Griôs do quilombo São Roque contam a história e a relação da comunidade com a natureza
“Nós começamos a sentir um cheiro de liberdade e vimos que iríamos ser tratados que nem gente”, relembra Vilson Omar da Silva Nunes, de 67 anos, enquanto conta a própria história. Quilombola, ele mora em uma das 21 comunidades remanescentes de Santa Catarina. Com mais de 200 anos, o quilombo São Roque busca formas de manter as tradições vivas através do turismo.
Em meio a inúmeras espécies de árvores e uma rica natureza, a Comunidade Quilombola de São Roque carrega uma cultura ancestral. A maioria de seu território fica em Praia Grande, no Extremo Sul catarinense. As terras também se estendem ao município de Mampituba, no Rio Grande do Sul.
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Nos mais de 7 mil hectares, as famílias que vivem no local cuidam do espaço e dos costumes que descendem de pessoas escravizadas, quando buscavam melhores condições de vida e se refugiaram na região. Atualmente, moradores do quilombo estão apostando no empreendedorismo como forma de preservar o ambiente em que vivem. Resultado de luta e resistência.
Vilson Omar da Silva Nunes, griô da comunidade
Luís Casagrande
Os contos quilombolas
Antes, uma rede de refúgio para escravos, hoje São Roque, conhecido também como Pedra Branca, é uma comunidade quilombola que está investindo no turismo.
A cada escravizado que fugia dos seus senhores, era uma parte da história nascendo. Os que escaparam da Fazenda dos Nunes ficaram na região do Rio Gorgonho e Faxinalzinho.
Aqueles que vieram da Fazenda dos Monteiro se estabeleceram na região do Rio Josafaz e os escravizados oriundos da Fazenda dos Fogaça permaneceram na região do Rio Mampituba (RS).
Mapa da região onde fica o Quilombo São Roque
Alexander Cambraia N. Vaz/Reprodução
Todo quilombo possui os seus griôs. Um cidadão reconhecido como herdeiro dos saberes e fazeres da tradição oral. Ele é a pessoa que sabe tudo sobre a sua cultura e faz questão de levar isso adiante.
Um desses griôs é Vilson Nunes, o seu Vilson. Ele nasceu e vive até hoje na Pedra Branca. Descendente de escravos, mora na mesma casa dos seus antepassados quando vieram para o local.
Paulo Volnei de Aguiar, de 65 anos, também é um dos griôs e coordenador da Associação de Remanescentes dos Quilombos de São Roque, criada em 2004 com o objetivo de lutar pelos direitos das terras onde fica a comunidade.
Essa é uma história que deve ser contada pelas vozes de quem está lá. Vilson e Paulo relatam as suas vivências e também algo difícil de enfrentar: o preconceito.
Paulo Volnei de Aguiar, griô do quilombo
Luís Casagrande
Quilombolas e o empreendedorismo inclusivo
Para gerar renda e ajudar a manter a qualidade de vida, os quilombolas de São Roque estão apostando no ecoturismo: uma forma sustentável de fazer turismo, ajudando a conservar o meio ambiente e, ainda, apoiar as comunidades locais. A gastronomia também ajuda a impulsionar os sabores do quilombo.
Mulheres produzindo comidas típicas do quilombo
Luís Casagrande
Agentes de incentivo
As belezas naturais do território atraem pessoas de diversas regiões. Como forma de manter essa cultura viva, desde 2018, o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) tem atuado junto a duas comunidades quilombolas do Sul de Santa Catarina com objetivo de desenvolver o empreendedorismo.
Em Praia Grande, a ideia da organização é iniciar um projeto com o turismo de base comunitária (TBC). Um modelo que oferece ao turista a oportunidade de conviver com a natureza a partir da perspectiva das comunidades, apreciando a culinária e as manifestações culturais tradicionais.
“Quando a gente fala de artesanato, de gastronomia, como a gente vai comercializar isso? A forma mais sustentável, é você manter as comunidades vivas por meio do turismo de base comunitária”, evidencia a analista de projetos do Sebrae, Juliana Ghizzo.
Pedra branca ao fundo da imagem
Luís Casagrande
Ações como essa ajudam a manter as tradições quilombolas. Sem elas, os moradores acabam saindo do local em busca de outras oportunidades.
“Se eles não têm uma atividade de empreendedorismo, vão acabar estudando e trabalhando fora. Então os jovens começam a estudar, vão trabalhar no comércio local e saem da comunidade. Quando a gente consegue ter uma atividade lá, a gente mantém essa cultura”, acrescenta Juliana.
E aí entra a importância de um agente incentivador para esses povos, como o Sebrae, por exemplo, que está acompanhando a Pedra Branca. “É uma forma de levar renda para essas comunidades e de agregar valor por meio da cultura deles. Não levar coisas novas para se fazer, mas utilizar o que já se faz como diferencial competitivo”, enfatiza a analista.
Economia na comunidade quilombola São Roque (SC)
Novos passos estão previstos, como reunir a comunidade e ajudá-la a se desenvolver. O objetivo é fazer um diagnóstico de como está funcionando o turismo no quilombo e identificar os pontos fortes.
“Agora queremos de fato emba

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