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'Supercélulas': entenda origem de tornado no Paraná

08/11/2025 17:08 O Globo - Rio/Política RJ

Enquanto parte do litoral do Brasil se preparava para a passagem de um ciclone extratropical, a partir de sexta-feira (7), o estado do Paraná viu parte de seu território ser atingido por um tornado. O fenômeno, classificado pelo Sistema de Tecnologia e Monitoramento Ambiental do Paraná (Simepar), causou grande destruição no município de Rio Bonito do Iguaçu, no interior, além de regiões vizinhas.
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No estado houve uma série de eventos climáticos, e seus encontros, o que contribuíram para o aumento da potência dos ventos, entre eles, o avanço de uma frente fria e a formação de vários núcleos de tempestade, sendo que um deles resultou em um outro sistema: a supercélula. Elas são tempestades severas que se formam em um ambiente com forte instabilidade e intenso cisalhamento vertical do vento (diferença na velocidade do vento em diferentes níveis da troposfera, isto é, camada atmosférica mais próxima da superfície terrestre). A diferença das tempestades comuns está na corrente de ar que possuem e ascende em espiral (mesociclone), a qual gira no interior da nuvem, transportado ar quente e úmido.
“Uma dessas tempestades, classificada como supercélula, gerou um tornado sobre o município de Rio Bonito de Iguaçu, causando danos bastante severos sobre a cidade. Foram registrados tombamentos de veículos, quedas de árvores inteiras e inclusive de casas de alvenaria. A classificação do tornado foi baseada na análise dos danos e também nas imagens do radar meteorológico do Simepar”, explica Reinaldo Kneib, meteorologista do Simepar.
Rio Bonito do Iguaçu, no estado do Paraná, foi atingido por um tornado; fenômeno deixou rastro de destruição, com mortos e feridos
Corpo de Bombeiros Paraná / Divulgação
As supercélulas, destaca o Simepar, podem provocar diferentes fenômenos meteorológicos de grande impacto além dos tornados, como granizo de grande tamanho, rajadas de vento muito fortes em superfície e intensa atividade elétrica. Há ainda os downbursts ou microexplosões (ventos intensos que descendem da nuvem de tempestade), uma das preocupações no estado de São Paulo durante a passagem do ciclone extratropical. As supercélulas podem ser, ainda, acompanhadas de chuva torrencial em curto espaço de tempo, mas não é um fator obrigatório para a classificação.
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Assim, nem toda supercélulas vai se transformar em um tornado.
“Os tornados mais intensos, em geral, são formados a partir do mesociclone que gira no interior de uma supercélula. Trata-se de uma coluna de ar em rotação que se estende da base da nuvem até o solo, com forte movimento helicoidal, ou seja, a corrente de ar sobe enquanto gira, e ventos extremamente intensos em torno do centro do vórtice, numa estreita faixa (dezenas a centenas de metros), causando danos severos ao longo da sua trajetória. Eles possuem duração curta, entre alguns segundos ou minutos”, afirmou, nesta semana, o meteorologista do Simepar Diulio Patrick.
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Os meteorologistas reúnem e analisam diversos dados para confirmar que, de fato, houve um tornado. É preciso analisar imagens aéreas da região atingida em conjunto com imagens do radar meteorológico, isto para cruzar informações sobre a estrutura e formato da tempestade e o dano associado. Só então a ocorrência é classificada dentro da escala Fujita, que delimita níveis das rajadas de vento e prejuízos causados.
Neste caso mais recente, até a noite de sexta-feira, o Simepar classificava o tornado como F2, quando os ventos ficam entre 180km/h e 250km/h. O órgão, no entanto, já afirmava existirem indícios de que a velocidade teria ultrapassado essa velocidade em algumas localidades. Quando os ventos passam de 253km/h, eleva-se a categoria do tornado para F3, de risco "severo".
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