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Sanções de Trump ao Brasil atingem o bolso dos nova-iorquinos amantes de café

18/10/2025 13:57 O Globo - Rio/Política RJ

Os moradores de Nova York, nos Estados Unidos, vivem de café. Seja em cafeterias elegantes e sofisticadas ou em carrinhos estacionados nas calçadas, milhões de xícaras de café são vendidas todos os dias na cidade.
Mas os amantes de café estão sofrendo com o aumento dos preços — desde simples expressos até elaborados lattes com especiarias, como abóbora — já que o preço do grão aumentou 21% entre agosto de 2024 e agosto de 2025 nos Estados Unidos, o maior mercado de café do mundo.
As crises climáticas fizeram o custo do café arábica disparar, atingindo um recorde histórico em fevereiro de 2025. Somam-se a isso os altos custos de transporte e as tarifas de 50% impostas pelo presidente Donald Trump a muitos produtos do Brasil desde 6 de agosto.
O maior produtor mundial de café foi sancionado pelo governo Trump após a condenação do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro por tentativa de golpe. O Brasil fornece 30% dos grãos não torrados consumidos nos Estados Unidos.
— Isso está tendo um grande impacto sobre nós, pequenos empresários, e sobre os agricultores em geral — disse Jeremy Lyman, cofundador da rede de cafeterias Birch Coffee, com sede em Nova York.
A marca, fundada em 2009, possui 14 lojas físicas espalhadas pela cidade e torra seu próprio café no Queens desde 2015.
— O preço do café no mercado tem aumentado constantemente no último ano. Acho que subiu 55% em relação ao ano anterior — disse Lyman. — Isso está impactando o que cobramos.
Ele afirma que a produção brasileira se tornou “inacessível”, forçando-os a buscar grãos de café em outros lugares, já que seu importador “suspendeu pedidos”, a menos que solicitado especificamente.
O Cecafé (Conselho dos Exportadores de Café do Brasil) informou que os embarques para os Estados Unidos caíram quase 53% em setembro, em comparação com o ano anterior, e que os importadores estão se voltando para o México, Peru e Etiópia.
Lyman reconhece que as forças do mercado levaram a preços mais altos para seus clientes. A Birch adicionou 50 centavos de dólar aos copos vendidos na loja e entre US$ 2 e US$ 3 a cada pacote de café torrado vendido online.
— Geralmente são pequenos aumentos, pois também nos ajudam a ganhar um pouco mais de tempo para decidir como vamos comprar — disse ele, acrescentando que tentou avisar os clientes com semanas de antecedência.
Jason Nickel, 45, diz que, embora busque sua dose diária de cafeína, está “um pouco mais cuidadoso” com relação a onde vai tomar café.
Ele diz que não consegue imaginar pagar mais de US$ 6, incluindo gorjeta, por um cortado — um expresso com um pouco de espuma de leite.
Recentemente, Trump lançou uma tábua de salvação para os dois terços dos americanos que bebem café diariamente. Ele incluiu o produto na lista de itens que os agricultores americanos não cultivam em quantidades suficientes, para que pudesse isentá-lo de tarifas, juntamente com o chá e o cacau.
Em um raro momento de bipartidarismo, republicanos e democratas estão patrocinando em conjunto um projeto de lei que visa proteger os produtos de café.

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