Riedel defende PEC da Segurança e quer fim de disputa política sobre tema
O governador de Mato Grosso do Sul, Eduardo Riedel (PP), defendeu nesta sexta-feira (31) a PEC da Segurança, proposta pelo governo federal, e elogiou o endurecimento das ações de Paraguai e Argentina contra o PCC (Primeiro Comando da Capital) e o CV (Comando Vermelho), após os dois países vizinhos passarem a classificar as facções brasileiras como grupos terroristas. As declarações foram dadas durante a assinatura da ordem de serviço para a construção de um restaurante estudantil na UEMS (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), em Campo Grande. Na oportunidade, o governador comentou o encontro de governadores no Rio de Janeiro, realizado após a operação policial nos complexos da Penha e do Alemão, que resultou em 121 mortes, sendo quatro de policiais e 115 de pessoas classificadas como suspeitas. Riedel disse ter conversado no Rio com o governador Cláudio Castro (PL), secretário de segurança e o comandante da operação para entender o contexto da ação e refletir sobre os desafios da segurança pública em todo o país. “Esse episódio da segurança pública é muito triste e lamentável que a gente tenha chegado a esse ponto. Foram mais de 120 pessoas, sendo 4 policiais, pessoas que reagiram à entrada, formaram uma barricada. É impressionante como o Estado está ausente de diversas comunidades. O governador Cláudio Castro decidiu retomar esses territórios, mas isso precisa vir junto com educação e oportunidade. Não basta uma ação isolada”, afirmou. Ao comentar a situação nacional, Riedel disse que a segurança pública precisa de integração entre estados, União e forças policiais, e que o debate sobre o tema não deve ser politizado. “A gente não pode politizar essa discussão. Ela virou palanque para 2026, de um lado e de outro. O que precisamos é discutir de forma prática. Temos um problema seríssimo de segurança pública no país. O mais importante é a capacidade das polícias e das inteligências se articularem em conjunto, com apoio da União”, afirmou. Integração entre estados e União - O governador destacou que o problema da violência não está restrito a grandes capitais, como o Rio de Janeiro, mas se espalha para estados de fronteira como Mato Grosso do Sul. “Ah, não, está muito distante, está lá no Rio. Não, está aqui dentro do Estado. Aqui está o Comando Vermelho, aqui está o PCC, aqui tem uma fronteira que é rota de ilícitos como drogas e armas. A conexão é direta”, disse. Riedel afirmou ainda que o Presídio Federal de Campo Grande vem recebendo um número crescente de líderes de facções criminosas, o que aumenta a necessidade de articulação entre os órgãos de segurança pública. PEC da Segurança - Em relação à PEC da Segurança, que prevê a constitucionalização de um sistema unificado de segurança pública e regras de cooperação entre os entes federativos, Riedel declarou não ver resistência à proposta e defendeu que ela pode fortalecer a articulação institucional. “A PEC é um arcabouço legal. E o fato de ter integração na PEC é ótimo. Às vezes nem precisa da PEC para que isso ocorra. O que vai fazer com que isso funcione é a prática, o dia a dia. É a capacidade de sentar junto e integrar na prática as operações”, afirmou. Segundo o governador, a proposta está sendo tratada de forma equivocada por setores políticos, e o debate acabou tomando contornos eleitorais. “Você é de oposição, é contra a PEC. Você é de situação, é a favor da PEC. Não existe isso. A PEC é um instrumento elaborado no âmbito da segurança pública. Eu não tenho problema nenhum com ela. Se aprovar, não muda a nossa vida. Ela apenas constitucionaliza uma política pública que já pode ser feita com ou sem PEC”, declarou. Riedel também mencionou que, além da PEC, há oito leis infraconstitucionais tramitando no Congresso Nacional que são “fundamentais para a ação conjunta de estados e União”. Cerco internacional nas fronteiras - O governador ressaltou que o reforço das ações de segurança de Paraguai e Argentina, após a classificação do PCC e do Comando Vermelho como organizações terroristas, fortalece o combate ao crime organizado na fronteira sul-mato-grossense, uma das mais extensas e vulneráveis do país. “Se eles decretaram, eles vão ter uma pressão maior sobre esses grupos. Então, eu acho que aumenta o cerco no Paraguai e na Argentina, sobre esses grupos. E isso é extremamente positivo para nós”, avaliou. Riedel lembrou que o DOF (Departamento de Operações de Fronteira) realiza ações permanentes nos mais de 1.600 quilômetros de fronteira de Mato Grosso do Sul, por terra, rio e ar, com grandes resultados em apreensões. “O DOF faz uma das maiores apreensões anuais de drogas do país, mais de 500 toneladas por ano, além de armas. E cerca de 34% da nossa população carcerária é composta por presos que não são do Mato Grosso do Sul. É o reflexo direto do trabalho intenso nas fronteiras”, disse. Romantização do crime - Riedel também criticou o que classificou como “romantização” ou “politização” do crime organizado, ressaltando
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