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Reta final de Barroso no STF tem homenagens, reflexão sobre voto no aborto e preparação para retiro espiritual

15/10/2025 21:05 O Globo - Rio/Política RJ

A menos de dois dias de sua aposentadoria oficial do Supremo Tribunal Federal (STF), o ministro Luís Roberto Barroso vive uma despedida com celebrações, análise de casos ainda sob sua responsabilidade e preparação para o retiro espiritual que fará assim que deixar a Corte.
Nesta quarta-feira, ele se reunirá à noite com sua equipe em um clube de elite de Brasília, em uma festa de encerramento organizada por seu gabinete. O evento sucede um jantar reservado realizado na noite anterior, em uma casa no Lago Norte, que reuniu nomes do Judiciário e da política em homenagem ao ministro.
Antes da festa com os servidores, assessores e juízes, Barroso receberá no gabinete, no fim da tarde, a professora de meditação Erica Berto, representante da organização espiritual indiana Brahma Kumaris. O encontro, registrado na agenda oficial, antecipa o retiro espiritual que o ministro pretende fazer após deixar o cargo. Segundo interlocutores, Barroso deve viajar ainda em outubro para aprofundar sua prática de meditação Raja Yoga, que já integra sua rotina há anos.
Na noite de terça-feira, o advogado e cientista político Murillo de Aragão reuniu ministros do STF como Kássio Nunes Marques e Luiz Fux, além do presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), em um jantar de despedida. Também estiveram presentes ministros do STJ, como Benedito Gonçalves e Daniela Teixeira. A sucessão no STF dominou parte das conversas, com o nome do advogado-geral da União, Jorge Messias, e do senador Rodrigo Pacheco sendo apontados como favoritos.
Apesar do clima descontraído, Barroso não cantou — hábito que costuma marcar sua presença em eventos informais. O ministro foi cumprimentado por colegas pela condução do tribunal em um período de embates institucionais e decisões sensíveis.
Antes de se despedir oficialmente, Barroso ainda avalia se deixará como último ato seu voto no julgamento sobre a descriminalização do aborto até a 12ª semana de gestação. Segundo interlocutores do ministro, ele cogita liberar o voto antes de sair, o que poderia destravar o julgamento suspenso desde 2023, após o voto da ministra Rosa Weber.
A aposentadoria de Barroso abre espaço para uma nova indicação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que na noite desta terça-feira recebeu quatro ministros do Supremo para um jantar com o objetivo justamente de debater a sucessão na Corte. Como mostrou O GLOBO, o presidente evitou mencionar nomes e indicou que não tem pressa para tomar uma decisão. Ministros do STF aproveitaram a ocasião para transmitir a expectativa de que a escolha seja de “peso” — alguém capaz de preservar a autoridade institucional do tribunal.
Barroso, que presidiu o STF entre 2023 e 2025, anunciou sua saída antecipada no último dia 9, oito anos antes da aposentadoria compulsória. Em discurso emocionado, afirmou que deseja "viver um pouco mais a vida que me resta, sem as disposições, obrigações e exigências públicas do cargo — com mais literatura e poesia".

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