
Primeiro alvo de Bolsonaro no STF, Barroso promete seguir na defesa da democracia; relembre polêmicas
Emocionado, Luís Roberto Barroso anunciou nesta quinta-feira (9) sua aposentadoria antecipada do posto de ministro do Supremo Tribunal Federal (STF). Ele deixa o tribunal, mas promete seguir como voz ativa na defesa intransigente da democracia — característica que, por vezes, gerou embates polêmicos com o ex-presidente Jair Bolsonaro.
Em outras palavras, Barroso não deixará de se posicionar contra movimentos antidemocráticos, atuação que lhe valeu a condição de ser o primeiro alvo de ataques do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus apoiadores.
Fato é que, desde o anúncio, a saída de Barroso da cadeira de ministro do STF foi um dos assuntos mais comentados nas redes sociais, entre cidadãos e políticos. Houve, inclusive, reações enfáticas de apoiadores de Bolsonaro, que reiteraram as críticas à atuação do ministro.
Barroso anuncia aposentadoria do STF
Na condição de presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Barroso foi o primeiro a enfrentar as investidas de Bolsonaro contra o sistema eleitoral brasileiro. O então presidente insistia num retrocesso, o voto impresso, parte de sua investida contra as urnas eletrônicas.
Vale lembrar que, apesar das críticas, o sistema eletrônico de votação usado no Brasil foi resultado de um trabalho de mais de 60 anos e, desde sua implementação em 1996, nunca houve fraude em eleições ou invasões comprovadas a urnas eletrônicas.
Barroso resistiu e virou alvo de críticas do ex-presidente, que o elegeu como seu principal inimigo naquele momento, atacando o ministro do STF durante discursos para seus apoiadores.
Em uma dessas oportunidades, em agosto de 2021, Bolsonaro afirmou que Barroso prestava um desserviço para a população brasileira. "Não é uma briga contra o TSE ou STF, é contra o ministro do Supremo que é presidente do TSE, querendo impor a sua vontade", disse Bolsonaro.
Depois de Barroso, Bolsonaro mirou em Edson Fachin no seu período à frente do TSE, passando a focar em seguida na figura de Alexandre de Moraes, que comandou as investigações sobre a atuação do ex-presidente contra o sistema eleitoral brasileiro.
Ministro Luís Roberto Barroso, enquanto era presidente do TSE, discursou na cerimônia de abertura do código-fonte das urnas eletrônicas
Reprodução/TSE
'Derrotamos o Bolsonarismo'
Barroso acabou protagonizando vários momentos de embates com Bolsonaro. Um deles, às vésperas de assumir a presidência do STF, quando, num evento com estudantes, afirmou "derrotamos o bolsonarismo".
Na ocasião, o magistrado citou, durante pronunciamento, o enfrentamento à ditadura militar e a censura. Ele também defendeu o direito à livre manifestação das pessoas.
"Eu saio daqui com a energia renovada. Pela concordância e pela discordância. Porque essa é a democracia que nós conquistamos. Nós derrotamos a censura, nós derrotamos a tortura, nós derrotamos o bolsonarismo, para permitir a democracia e a manifestação livre de todas as pessoas", afirmou Barroso.
Mas, foi obrigado a dar uma recuada estratégica diante da repercussão polêmica de sua frase.
'Perdeu mané'
Em Nova York, após a eleição de Lula para a presidência da República, Barroso se dirigiu a um apoiador de Bolsonaro que atacava ministros do STF na cidade dizendo: "Perdeu, mané, não amola". Provocou uma grande irritação entre bolsonaristas.
A frase, inclusive, foi pichada em frente à Corte durante os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro, quando apoiadores do ex-presidente invadiram as sedes dos Três Poderes, em Brasília, contra o resultado das urnas que resultou na vitória do presidente Lula contra o então candidato à reeleição, Bolsonaro.
O ministro também chegou a ser acuado durante viagens, como o episódio em que precisou sair de um restaurante escoltado em Santa Catarina.
Estátua 'A Justiça', de Alfredo Ceschiatti, pichada por vândalos do 8 de janeiro, em frente à sede do STF, em Brasília
Joédson Alves/Agência Brasil
'Apelar para extraterrestres'
Em novembro de 2022, Barroso relembrou o episódio em que respondeu "Perdeu, mané, não amola" a um bolsonarista que o questionou sobre as urnas eletrônicas brasileiras. Ele estava em uma palestra em Salvador, capital baiana.
Lá, voltou a irritar bolsonaristas. Ele admitiu que "perdeu a paciência", e reiterou a necessidade de respeitar o resultado das eleições. Por isso, "não adianta apelar para extraterrestres".
"O resultado deve ser respeitado. Não adianta apelar para os quartéis, apelar para extraterrestres", disse em relação aos atos antidemocráticos que ocorreram por todo o país após o fim das eleições, fazendo referência a um vídeo onde manifestantes usam sinais luminosos na cabeça.
Defesa contra investidas de Trump
Recentemente, Barroso se colocou também contra as investidas do governo Donald Trump contra o STF, adotadas a partir de uma ação do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos.
"Não existe caça às bruxas ou perseguições políticas. Tudo o que foi feito baseou-se em provas", afirmou Barroso, defendendo principalmente seu colega Alexandre de
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