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Powell, presidente do Fed, diz que mercado de trabalho demonstra fraqueza

14/10/2025 17:13 O Globo - Rio/Política RJ

O presidente do Fed, Jerome Powell, afirmou em evento na tarde desta terça que as projeções para inflação e emprego pouco mudaram desde a reunião de setembro, mas destacou sinais crescentes de fraqueza no mercado de trabalho. As declarações foram realizadas no evento anual da Associação de Economistas de Negócios dos EUA (Nabe).
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— Não há um caminho isento de riscos para a política monetária enquanto equilibramos nossos objetivos de emprego e inflação — disse ele.
Questionado se há risco de um efeito mais prolongado e persistente da inflação causado pelas tarifas, o chefe da autoridade monetária reconheceu que esse risco existe, embora tenha ressaltado que há “riscos de baixa bastante significativos” no mercado de trabalho.
Powell não quis indicar um número específico para o que considera ser a taxa de equilíbrio de criação de empregos, aquela que manteria a taxa de desemprego estável. No entanto, afirmou que está claro que essa taxa caiu “muito”. Ele classificou como “notável” o fato de que a taxa de desemprego praticamente não se moveu, mesmo com a desaceleração do crescimento do emprego.
O chefe da autoridade monetária americana reiterou que os riscos para o emprego aumentaram, embora os dados disponíveis, limitados pelo fechamento parcial do governo, indiquem baixos níveis de demissões e contratações.
Ele respondeu que todos estão olhando para os mesmos números, mas destacou os dados de emprego em nível estadual e os números do relatório ADP (que mostra o número de folhas de pagamento do setor privado), embora tenha ressaltado que nenhum deles substitui o “padrão-ouro” das estatísticas oficiais.
Os Estados Unidos passam pelo chamado shutdown, quando o Congresso americano tem impasse para votar o orçamento do próximo ano fiscal, iniciado no dia primeiro de outubro. Com isso, agências americanas, como o Escritório de Estatísticas do Trabalho, que fornece dados sobre o emprego, ficam inoperantes. Nesta terça, o impasse chega ao seu 13º dia.
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Diferente do Brasil, o banco central americano possui um duplo mandato. Ao mesmo tempo que precisa balizar a taxa de inflação, a política monetária americana precisa também perseguir uma taxa mínima de emprego.
Corte em setembro
No mês passado, o Fed reduziu os juros dos EUA em 0,25 ponto percentual, o primeiro corte de 2025, descrevendo a decisão como uma medida preventiva para apoiar a economia. O banco central também projetou dois novos cortes até o fim do ano.
Dentro do Fed, há divisões sobre o ritmo dos próximos cortes. Alguns dirigentes, como Waller, apoiam reduções adicionais, porém graduais, enquanto Stephen Miran, novo integrante indicado por Donald Trump, defende cortes mais rápidos e profundos, argumentando que os juros atuais são excessivamente restritivos.
Outros membros mantêm cautela, alertando para pressões inflacionárias ligadas às tarifas comerciais de Trump e ao fato de que a inflação segue acima da meta de 2% há vários anos.
A próxima reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) ocorrerá no fim do mês, nos dias 28 e 29 de outubro.
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Powell também defendeu o uso de um dos principais instrumentos da política monetária — o pagamento de juros sobre as reservas que os bancos mantêm no Fed —, que vem sendo alvo de críticas no Congresso americano.
Segundo ele, o mecanismo permite calibrar de forma adequada a política monetária e é essencial para a estabilidade financeira. “Se nossa capacidade de pagar juros sobre reservas e outros passivos fosse eliminada, o Fed perderia o controle sobre as taxas de juros”, disse Powell.
O instrumento foi criado há quase 20 anos e ganhou importância durante a crise financeira global. Na semana passada, o Senado dos EUA rejeitou uma proposta que proibia o Fed de pagar juros sobre as reservas bancárias. O texto foi derrotado por 83 votos a 14.

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