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Polipílula pode reduzir em 39% a recorrência de AVC, aponta estudo; conheça o medicamento

31/10/2025 13:38 O Globo - Rio/Política RJ

O medicamento pílula tripla, ou polipílula, usado no tratamento de hipertensão, conseguiu diminuir em 39% o risco de recorrência de todos os AVCs (Acidente Vascular Cerebral) em pacientes com AVC hemorrágico prévio. Além disso, pesquisadores também observaram que o impacto na prevenção de AVC hemorrágico, que é o mais grave, foi ainda maior, com redução de 60% do risco de novo evento.
Os resultados foram resultado do estudo Trident, coordenado pelo The George Institute for Global Health, da Austrália, e conduzido pelo Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre. Eles foram apresentados pelo professor Craig Anderson no World Stroke Congress (Congresso Internacional de AVC), em Barcelona, na Espanha.
Os remédios anti-hipertensivos que compõem a polipílula são regulamentados e comercializados no Brasil de forma isolada. Juntos, eles podem facilitar a adesão do paciente ao tratamento.
“Esta pesquisa inovadora está prestes a transformar a prática clínica em todo o mundo. Os resultados certamente irão mudar diretrizes internacionais. Estamos moldando um futuro com menos AVCs e onde a pesquisa realmente transforma vidas”, neurologista Sheila Martins, que ajudou a coordenar o estudo no Brasil.
O Brasil registra cerca de 258 mil novos casos de AVC a cada ano, sendo a segunda principal causa de morte e a principal de incapacidade no país. A HIP (Hemorragia Intraparenquimatosa Aguda), conhecida também como AVC hemorrágico (AVCh), é a forma mais grave e menos tratável do AVC, representando cerca de 10% dos 12 milhões de novos casos no mundo (por ano), segundo dados do Global Burden of Disease.
Além disso, o AVC hemorrágico causa óbito ou incapacidade a pelo menos 60% dos pacientes. O número de novos casos de AVCh é de aproximadamente 50 mil casos. Destes pacientes, 80% são atendidos no Sistema Único de Saúde.
O Trident, maior estudo de prevenção secundária do AVC hemorrágico no mundo, contando com 1.670 participantes, teve como objetivo determinar a eficácia por meio da utilização da polipílula como tratamento intensivo para redução da pressão arterial em pacientes que já tiveram um AVCh.
Durante a pesquisa, 833 receberam a polipílula e 837 receberam placebo. A partir disso, os pacientes seguiram os tratamentos que foram indicados após sofrerem um AVC e foram acompanhados pelo período de três anos.
“A polipílula tem a possibilidade de evitar centenas de casos de AVC hemorrágico, reduzindo morbidade, tempo de internação, gastos com saúde e impactos no SUS”, conclui a médica do Hospital Moinhos de Vento.

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