PM diz que foi criado 'muro do Bope' para empurrar criminosos para a área de mata no RJ
Operação, que já conta com mais de 132 mortos e 113 presos, é considerada a mais letal da história do estado.
Tercio Teixeira/Especial Metrópoles
Durante a megaoperação que deixou mais de 120 mortos nos complexos da Penha e do Alemão, as forças de segurança montaram o que chamaram de “Muro do Bope” — uma estratégia em que policiais entraram pela área da Serra da Misericórdia para cercar os criminosos e empurrá-los em direção à mata, onde outras equipes do Batalhão de Operações Especiais já estavam posicionadas.A explicação foi dada pelo secretário da Polícia Militar, Marcelo de Menezes, durante entrevista coletiva na tarde desta quarta-feira (28), quando a cúpula da Segurança Pública do Rio comentou os resultados da ação."Distribuímos as tropas pelo terreno. O diferencial, em relação às imagens que mostravam criminosos fortemente armados buscando refúgio na área de mata, foi a incursão dos agentes do Bope na parte mais alta da montanha que separa as duas comunidades. Essa ação criou o que chamamos de 'muro do Bope' — uma linha de contenção formada por policiais que empurravam os criminosos para o topo da montanha", detalhou Menezes.
PM diz que foi criado 'muro do Bope' para empurrar criminosos para a área de mata no RJ.
Arte/g1
Segundo ele, a ação tinha como objetivo proteger a população: "O objetivo era proteger a população e garantir a integridade física dos moradores do Alemão e da Penha. A maioria dos confrontos, ou praticamente todos, ocorreu na área de mata", garantiu o secretário, frisando que o confronto se iniciou às 6h e terminou às 21h.Até a manhã desta quarta-feira (29), dia seguinte à ação, mais de 120 corpos haviam sido retirados da região.A ação contou 2,5 mil policiais civis e militares e é considerada pela cúpula da segurança como de alto risco.Um ano de investigaçãoO secretário de Segurança Pública, Victor Santos, destacou que a investigação que culminou na operação desta terça durou cerca de um ano."O Rio de Janeiro tem quase 1/4 de sua população morando em favelas, enquanto o percentual no Brasil é de 8,1%. São 9 milhões de metros quadrados de desordem na Penha e no Alemão. Uma investigação de aproximadamente um ano, que envolveu as polícias do Rio e de vários estados, principalmente do Pará”, destacou o secretário, ressaltando que o planejamento da ação foi minucioso.Santos ainda classificou como “dano colateral muito pequeno” o número de inocentes e mortos feridos durante a ação.“As vítimas são os quatro inocentes que foram baleados e os quatro policiais que morreram”, disse.Governador disse que operação foi um 'sucesso'Mais cedo, o governador Cláudio Castro, disse que a megaoperação nos complexos da Penha e do Alemão, a mais letal da história do Rio, foi um "sucesso"."Temos muita tranquilidade de defendermos tudo que fizemos ontem. Queria me solidarizar com a família dos quatro guerreiros que deram a vida para salvar a população. De vítima ontem lá, só tivemos esses policiais."Segundo Castro, o principal indício de que os 54 eram criminosos é porque os confrontos foram todos em área de mata:"Não acredito que havia alguém passeando em área de mata em um dia de operação".Ainda segundo o governador, é preciso ter muita responsabilidade para divulgar números em operações."A Polícia Civil tem a responsabilidade enorme de identificar quem eram aquelas pessoas. Eu não posso fazer balanço antes de todos entrarem. Daqui a pouco vira uma guerra de número. Nós não vamos trabalhar assim”, explicou.
Fonte original: abrir