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Peça “Eu Capitu” questiona machismo e muda obra de Machado de Assis

10/10/2025 16:06 A Tarde - Política

Tudo que se sabe sobre Capitu, uma das personagens mais famosas do romance Dom Casmurro, do escritor Machado de Assis, é por meio da visão de Bentinho, protagonista da obra. Se na literatura não foi possível dar voz para a personagem, no teatro, ela finalmente ganha espaço. Isso porque, desta sexta, 10, até domingo, 12, chega em Salvador o espetáculo Eu Capitu. As apresentações vão acontecer no Teatro Jorge Amado com entrada gratuita. Os ingressos podem ser adquiridos na plataforma Sympla.Com texto de Carla Faour e direção de Miwa Yanagizawa, o espetáculo revisita o clássico da literatura sob uma perspectiva contemporânea e crítica, dando voz à enigmática Capitu e, com ela, a todas as mulheres silenciadas ao longo do tempo. A obra já percorreu diversas capitais brasileiras lotando teatros e instigando debates sobre o papel da mulher na literatura, na história e na sociedade.“Pensar Eu Capitu livre da narrativa machadiana tradicional foi um ato de libertação criativa e política. Aqui, Capitu tem voz, corpo, presença, ela não é mais personagem de Bentinho: ela é personagem de si mesma e também um espelho para a jovem Ana, que tenta entender sua própria história através dessa figura literária”, explica a diretora Miwa Yanagizawe.A históriaA peça conta a história de Ana, adolescente que busca refúgio em seu mundo imaginário para escapar do ambiente de violência doméstica em que vive. Sua mãe, Leninha, enfrenta um relacionamento abusivo, situação que impacta diretamente a vida da filha.Obrigada a estudar Dom Casmurro para uma prova decisiva, Ana encontra no romance pontos de contato com sua realidade. É nesse cruzamento entre ficção e vida que surge em cena Capitu, figura icônica da literatura brasileira, agora livre para falar em primeira pessoa.Esses encontros entre Ana e Capitu se transformam em um rito de passagem para a menina e um espelho para o público: até que ponto o olhar masculino molda não apenas os livros, mas também o cotidiano, a política, a arte e as relações?



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Com 90 minutos de duração, Eu Capitu aposta em um universo simbólico e poético para tratar de temas urgentes como machismo, feminicídio e silenciamento das mulheres. “Logo de início, entendi que não queria uma peça realista. Se o assunto era muito duro e pesado, eu queria falar de uma forma doce e lúdica com a criação de um universo simbólico e metafórico”, explica a dramaturga Carla Faour.A atriz Flávia Pyramo explica que precisou revisitar a obra para dar vida para a personagem. “Eu fui abrir o livro, Dom Casmurro, fui rever essa história. Agora com mais do que nunca, a partir dos olhos de Capitu, olhando para ela de uma outra forma.Ela ainda reflete sobre as transformações do feminino ao longo do tempo e sobre como a peça dialoga com essas mudanças. Para ela, Eu Capitu representa um salto significativo em relação à forma como as mulheres eram retratadas na época de Machado de Assis. “Ali a gente tem, naquele momento ainda, a mulher num lugar muito submiss

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