Opep+ decide suspender aumentos de produção no primeiro trimestre de 2026
Após um aumento modesto no próximo mês, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus aliados (OPEC+) pausará a expansão da produção durante o primeiro trimestre de 2026, enquanto o grupo equilibra sua busca por participação de mercado com sinais de um possível excedente emergente.
Potência tecnológica: Emirados Árabes querem trocar petróleo por IA e se tornarem o 'Vale do Silício' do Oriente Médio
Mulheres já são maioria na Previdência: As regras para aposentadoria terão que mudar?
Membros-chave liderados pela Arábia Saudita concordaram, durante uma videoconferência neste domingo, em retomar 137 mil barris por dia em dezembro, igualando os aumentos programados para outubro e novembro, e, em seguida, fazer uma pausa de janeiro a março.
O primeiro trimestre é normalmente um período de demanda mais fraca. Os delegados disseram que a decisão de pausar a partir de janeiro reflete uma expectativa de desaceleração sazonal.
No entanto, isso ocorre em um período de incerteza para os traders de petróleo. As sanções à Rússia, co-líder da Opep+, criaram dúvidas sobre as perspectivas de fornecimento de Moscou. Ao mesmo tempo, os negociadores apontam para um aumento no excesso de oferta, que deve crescer ainda mais no próximo ano.
Inteligência artificial movida a organoides: startup suíça desenvolve computador de neurônios
— (A pausa) é certamente outra reviravolta, mas acho que é uma decisão prudente, dado a incerteza em relação ao cenário de oferta para o primeiro trimestre — disse Helima Croft, chefe de estratégia de commodities do RBC Capital.
Embora as sanções à Rússia tenham ajudado a sustentar os preços após a queda para o menor nível em cinco meses, um delegado disse que ainda é cedo para a Opep+ avaliar o impacto geral das medidas no mercado.
A pausa de janeiro a março será a primeira interrupção do grupo no aumento de barris desde que iniciaram uma rápida restauração dos suprimentos interrompidos em abril.
— A Opep+ está cedendo, mas é algo calculado. As sanções aos produtores russos adicionaram uma camada de incerteza nas previsões de fornecimento — disse Jorge Leon, analista da consultoria Rystad Energy AS, que trabalhou anteriormente no secretariado da Opep.
Fazer uma pausa no início do próximo ano deixará as oito nações com cerca de 1,2 milhão de barris por dia do atual lote de fornecimento ainda a ser restaurado. Os delegados disseram que houve amplo apoio à decisão de domingo.
Leia também: Tarifas sobre caminhões e ônibus entram em vigor nos EUA
Enquanto isso, o príncipe herdeiro saudita Mohammed bin Salman viaja ainda este mês para Washington para se reunir com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que tem reiteradamente pedido à Opep que ajude a reduzir os preços dos combustíveis.
Os contratos futuros do petróleo Brent caíram cerca de 13% este ano, fechando abaixo de US$ 65 o barril na sexta-feira. Além das sanções à Rússia, os preços também receberam apoio por conta de uma trégua de um ano sobre tarifas comerciais alcançada na semana passada entre Washington e Pequim.
Abaixo das expectativas
Os aumentos reais na produção da Opep+ ficaram aquém dos volumes anunciados, já que alguns membros compensaram a sobreprodução anterior e outros enfrentam dificuldades para aumentar a produção, o que tem limitado o impacto no mercado.
A Opep+ afirmou repetidamente que sua decisão de retomar a produção este ano — apesar dos alertas em toda a indústria sobre uma possível queda nos preços — foi impulsionada por “fundamentos saudáveis do mercado” e baixos níveis de estoques. A resiliência dos preços durante grande parte do ano, mesmo com o grupo tendo restaurado um lote de 2,2 milhões de barris de oferta um ano antes do previsto, validou parcialmente essa postura.
No entanto, há sinais crescentes de que, com a demanda na principal consumidora, a China, arrefecendo e o fornecimento nas Américas em alta, o mercado mundial está agora entrando em um cenário de excesso de oferta. Grandes empresas de trading, como o Grupo Trafigura, afirmam que o excesso já chegou, apontando para o acúmulo de barris na frota mundial de navios-tanque.
Trabalhar depois dos 100 anos? Conheça histórias de pessoas centenárias em atividade até hoje
A Agência Internacional de Energia, em Paris, prevê que os fornecimentos globais podem superar a demanda neste trimestre em mais de três milhões de barris por dia e, em seguida, se expandir para um superávit sem precedentes no próximo ano, pelo menos em teoria. O JPMorgan e o Goldman Sachs Group preveem novas quedas nos preços, que poderão ficar abaixo de US$ 60 por barril.
A retração do mercado está, inevitavelmente, afetando os produtores de petróleo, como as empresas de perfuração de xisto americanas. Embora os EUA continuem sendo a maior fonte de crescimento da oferta este ano, a previsão é de que esse crescimento estagne em 2026, e executivos do setor de xisto alertaram que, com a queda nos investimentos, a indústria está atingindo um "ponto de inflexão".
Viu? Volkswagen de
Fonte original: abrir