'Ocupação não é solução', diz secretário de Segurança do Rio sobre policiamento em favelas; imagens mostram domínio do CV na Penha e Alemão
O secretário de Segurança Pública do Rio, Victor Cesar, disse ao Fantástico, da TV Globo, que o estado não possui efetivo o suficiente para ocupar com policiais todas as favelas fluminenses. O delegado federal explicou que quase um quarto da população mora em quase duas mil comunidades e, que essa quantidade torna inviável ocupações permanentes. Nesta semana o debate sobre uma reocupação dos Complexos da Penha e Alemão voltou à tona depois da megaoperação nas favelas que deixou 121 mortos, sendo quatro policiais.
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— Estado nenhum do Brasil tem condições de fazer de forma permanente colocando policiais dentro das comunidades. No Rio de Janeiro, infelizmente, nós temos quase um quarto da população morando em favela. São mil e novecentas favelas no Rio de Janeiro. Se a gente pegar todo o efetivo, cem por cento, das polícias - cinquenta e três mil policiais - e dividirmos pelas comunidades, daria cerca de sete policiais por comunidade. Então, ocupação não é a solução — disse ele.
Baixo investimento em Inteligência
Dados do Anuário de Segurança Pública, divulgados pelo Fantástico, mostram que o Rio investiu pouco no setor de Inteligência das polícias: R$ 16 milhões no ano passado. O montante é inferior a outros estados, como Acre e Rondônia, que aplicaram mais de R$ 300 milhões em 2024. Em Sã Paulo foram mas de R$ 1,2 bilhão.
O governador Cláudio Castro (PL) disse que o valor não reflete os investimentos e que o número baixo deve ter ocorrido por um erro de classificação orçamentária. O Palácio Laranjeiras informou depois que o valor investido em Inteligência em 2024 foi de R$ 53 milhões, além de R$ 4,5 bilhões em tecnologia nos últimos quatro anos.
— Nós não iramos retroceder. Nada fará o estado do Rio de Janeiro retroceder. Continuaremos enfrentando e agora enfrentando mais ainda, derrubando barricadas, tirando armamento. Quem portar arma está cometendo, sobretudo armas de guerra, é um atentado contra a democracia — disse Castro.
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Expansão do CV
Nos últimos anos o Comando Vermelho aposta em uma guerra expansionista para aumentar o controle territorial no Rio e espalhar tentáculos em outros estados. A série Conexões do Crime, do EXTRA, mostrou nas últimas semanas as estratégias dos traficantes para controlar rotas de importação de drogas e armas.
O Comando Vermelho a abriu “franquias” em 25 estados e no Distrito Federal, além de transformar o Rio num espaço de intercâmbio, onde chefes da facção espalhados pelo Brasil ganharam blindagem e passaram a controlar territórios à distância, escondidos nos grandes complexos cariocas, o que deu estabilidade aos negócios.
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O Complexo da Penha e do Alemão, onde ocorreu a megaoperação da última semana, é uma das fortalezas do tráfico. As polícias do Rio prenderam 33 suspeitos de outros estados que estavam escondidos na região.
— Antes dessa operação, até o final de setembro, só a polícia civil tinha apreendido de fora do estado e em cerca de um ano, 449 lideranças de outros estados, fora a polícia militar, que também apreendeu centenas — disse o secretário da Polícia Civil, Felipe Curi, em entrevista coletiva.
PM morto ajudou a resgatar colega
Imagens das câmeras corporais de policiais militares gravaram parte dos confrontos na região de mata que divide os complexos da Penha e Alemão. Uma delas é do sargento do Batalhão de Operações Especiais (Bope) Cleiton Serafim Gonçalves, que levou um tiro na cabeça de um traficante e morreu na operação.
Antes de ser assassinado, o sargento ajudou a resgatar um colega de farda. As imagens gravadas pelas câmeras corporais mostram uma intensa troca de tiros. Um dos disparos dos traficantes atinge o cabo Oliveira, do Bope. Ao perceber o policial ferido, Serafim ajuda a resgatá-lo até um carro blindado. Pouco tempo depois, em outro confronto, o sargento foi atingido e não resistiu aos ferimentos.
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