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O confeiteiro mais famoso da Internet se torna um verdadeiro Willy Wonka e resolve apostar no chocolate

03/11/2025 13:25 O Globo - Rio/Política RJ

Nunca me pediram para assinar um acordo de confidencialidade por causa de um bombom, mas esse é o tipo de coisa que acontece quando se negocia com estrelas como Cedric Grolet, sem dúvida o confeiteiro mais famoso da internet e, cada vez mais, do mundo real.
Ele tem 13 milhões de seguidores no Instagram, mais do que Martha Stewart (5,8 milhões), Ina Garten (4,8 milhões) e Bobby Flay (2 milhões) juntos. Seus vídeos, refinados e hipnotizantes, revelam a arte de suas famosas tortas de flores, biscoitos de chocolate e sobremesas que mais parecem maçãs e limões.
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São essas criações que atraem gente do mundo inteiro para suas lojas em Paris, onde as cordas de veludo e os porteiros corpulentos controlam a multidão. A partir de 2022, também abriu filiais em Londres, St. Tropez, Mônaco, Singapura e na elegante estação de esqui de Val d'Isère. Fazendo bom uso do poder das redes sociais, o chef de 40 anos construiu em cinco anos o tipo de império que as gerações anteriores de colegas seus levaram décadas para estabelecer.
Na conversa em francês e inglês (para a qual nenhum acordo de confidencialidade foi assinado), ele contou que começou o treinamento rigoroso aos 14 anos na cidade natal, Firminy, na região do Loire, com o objetivo de agradar os "clientes de luxo", ou seja, o famoso 0,0001% da população mundial que pode pagar pelas delícias da alta confeitaria. Porém, em 2013, quando um jovem sous chef o incentivou a entrar no Instagram, percebeu que havia ali um público maior para seu trabalho. "Tive um estalo."
Em outubro, inaugurou sua primeira loja de chocolates, a Cedric et la Chocolaterie, projeto ao melhor estilo da Fantástica Fábrica de Willy Wonka, que levou três anos para ser concretizado. A peça central, visível da rua, é uma cachoeira de chocolate derretido que perfuma o ar, escorrendo infinitamente por uma parede de aço inoxidável personalizada. (O sistema comporta 150 quilos da delícia, que é misturado com óleo para facilitar o fluxo.) Quadrados do doce revestem as paredes; as bordas recortadas dos balcões marrons evocam o clássico biscoito amanteigado francês LU; penduradas no teto, esculturas gigantes e brilhantes de amendoins inteiros, vagens de cacau e pistaches.
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No início de outubro, o papel que recobria as janelas foi removido temporariamente – e uma multidão se aglomerou na calçada em tempo recorde, os telefones pressionados contra o vidro, acenando freneticamente para que Grolet olhasse para a câmera.
Um drama desses em torno da inauguração de uma loja de doces faz todo sentido na França, onde o respeito pela habilidade culinária e pela inovação está profundamente enraizado na cultura. (Pierre Hermé, astro antecessor de Grolet na confeitaria, globalizou o macaron na década de 2000 e chegou a ser nomeado cavaleiro por sua contribuição.)
"Quando um confeiteiro famoso faz um lançamento, a novidade aparece no jornal da TV em horário nobre, nos jornais, nos programas de entrevistas vistos pelo país todo", confirmou Aleksandra Crapanzano, cujo novo livro de receitas, "Chocolat", é um retrato do mundo da alta chocolateria, com sede em Paris.
Nas boutiques dos bairros mais caros da cidade, os bombons são dispostos e iluminados como joias nas vitrines. Em todo o país, a concorrência é acirrada para ver quem produz os presentes mais elegantes, os ninhos de ovos de Páscoa e bûches de Noël mais irresistíveis. Bem ao lado da nova loja de Grolet, a chocolatier Jade Genin cria pequenas pirâmides em sabores como limão-cominho e cardamomo preto defumado; há pelo menos uma dúzia de outras haute chocolateries a poucos quarteirões de distância.
Para Dominique Ansel, o francês responsável pelo cronut, a estética simples é o que garante influência e popularidade ao trabalho de Grolet, independentemente das redes sociais. "É o que atrai mais público. Eu, como chef, aprecio as tuiles, a decoração e os detalhes do prato, mas qualquer leigo vai gostar de um morango com gosto de morango."
No entanto, nem todos estão satisfeitos com o fato de o Instagram e o TikTok terem levado orangotangos de chocolate, confeiteiros descamisados e croissants gigantescos para as massas; Crapanzano, que entrevistou dezenas de profissionais para seu livro, afirmou que os mais velhos nutrem um ressentimento considerável em relação à influência das redes sociais. Ganhar aos poucos o respeito do público não é mais suficiente, e a nova linguagem da internet não é fácil de aprender.
Mas Grolet teve visão para levar o trabalho árduo da categoria, tradicionalmente reservado aos bastidores, a milhões de pessoas. Com uma técnica impecável, atua em silêncio, com cubas gigantescas de ganache, rolos de massa folhada e braçadas de vagens de baunilha que preenchem a tela para mostrar ao público que seu trabalho é mais importante do que sua pessoa. Em vez do uniforme branco, do chapéu alto e do saco de confeitar, Grolet usa camiseta e avental, mergulhando o braço tatuado em uma tigela de frutas vermelhas.
Claro que com

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