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'Máfia dos concursos': 10 perguntas para entender o esquema que cobrava até R$ 500 mil por vaga

11/10/2025 07:01 G1 - Política

'Máfia dos concursos': como era o esquema familiar que cobrava até R$ 500 mil por cargo
Uma operação da Polícia Federal revelou um esquema de fraudes em concursos públicos que funcionava como uma estrutura familiar e altamente organizada. O caso ganhou repercussão nacional ao expor como grupos criminosos conseguem driblar sistemas de segurança considerados complexos, colocando em xeque a integridade de processos seletivos públicos.
O grupo, com base no sertão paraibano, teria utilizado tecnologia de ponta para garantir aprovações fraudulentas, incluindo o uso de pontos eletrônicos implantados cirurgicamente e acesso antecipado aos gabaritos das provas.
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Para esclarecer os principais pontos da investigação, o g1 preparou 10 perguntas e respostas de tudo o que se sabe até agora sobre a chamada "máfia dos concursos".
O que é a 'Máfia dos concursos'?
Quem são os supostos integrantes e quais papéis desempenhavam?
Quais eram os métodos de fraude usados pelo grupo?
Quanto cobravam, como recebiam e como lavavam o dinheiro?
Servidores ou intermediários estavam envolvidos?
Em quais concursos atuaram e quantos se beneficiaram?
Quem são os outros investigados e seus papéis?
Quais provas a PF reuniu?
Que medidas tomaram as autoridades e o que revelou a operação?
O que dizem os investigados?
1. O que fazia a 'máfia dos concursos'?
A organização investigada pela PF, apelidada de "máfia dos concursos", teria operado a partir de Patos, no Sertão da Paraíba, com ramificações em diversos estados do país.
Segundo as investigações, o grupo oferecia aprovações em concursos públicos como se fossem produtos comercializáveis. Para isso, utilizava recursos tecnológicos avançados e estratégias de corrupção que garantiriam a aprovação dos candidatos que contratavam seus serviços.
Os valores cobrados chegavam a R$ 500 mil por vaga, conforme apurado pela PF. A quadrilha seria capaz de burlar os sistemas de segurança das bancas organizadoras por meio de técnicas sofisticadas.
A eficácia do esquema era demonstrada pelos próprios líderes, que se inscreviam e eram aprovados nos certames como forma de validar o método.
O núcleo da organização seria composto por membros da família Limeira, tendo como figura central Wanderlan Limeira de Sousa, ex-policial militar expulso da corporação em 2021. Segundo a PF, ele é apontado como o principal articulador do esquema, responsável por negociar com os candidatos, coordenar a logística das fraudes e distribuir os gabaritos.
2. Quem são os supostos integrantes e quais papéis desempenhavam?
Além de Wanderlan, atuariam seus irmãos Valmir Limeira de Sousa e Antônio Limeira das Neves, a cunhada Geórgia de Oliveira Neves e a sobrinha Larissa de Oliveira Neves.
Cada um teria desempenhado funções específicas dentro da estrutura do grupo, reforçando o caráter familiar da organização. (Confira no organograma abaixo)
Máfia dos concursos
Juan Silva e Dhara Pereira/ g1
Wanderson Gabriel Limeira de Sousa, filho de Wanderlan, é suspeito de ser o responsável pela execução técnica das fraudes. Já Valmir foi aprovado no Concurso Nacional Unificado (CNU) com um gabarito idêntico ao de Wanderlan, o que levantou suspeitas sobre sua participação direta no esquema.
Antônio teria sido beneficiado por um empréstimo de R$ 400 mil feito por Thyago José de Andrade, conhecido como "Negão", para financiar a aprovação de sua filha Larissa. A jovem foi aprovada no CNU e, segundo os investigadores, usada como "vitrine" do esquema para atrair novos interessados.
Geórgia aparece nas apurações por movimentações financeiras consideradas suspeitas. Um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (COAF) indicou que ela depositou R$ 419,6 mil em espécie, mesmo sem vínculo empregatício desde 1998.
Além da família Limeira, outros nomes foram identificados como peças-chave no esquema: Ariosvaldo Lucena de Sousa Júnior, Thyago José de Andrade, Laís Giselly Nunes de Araújo e Luiz Paulo Silva dos Santos — este último apontado como figura central, com histórico de envolvimento em mais de 67 concursos fraudulentos.
3. Quais eram os métodos de fraude usados pelo grupo?
A investigação revelou um alto grau de sofisticação tecnológica. Um dos métodos mais surpreendentes seria o uso de pontos eletrônicos implantados cirurgicamente nos ouvidos dos candidatos, com o auxílio de profissionais da saúde. Esses dispositivos permitiam comunicação em tempo real durante as provas, sem serem detectados pelos fiscais.
Além disso, o grupo recorria a mensagens codificadas e sistemas externos de transmissão de gabaritos. Em alguns casos, candidatos eram substituídos por dublês — pessoas treinadas para realizar as provas em seu lugar — garantindo desempenho superior.
A combinação dessas técnicas resultava em notas elevadas e gabaritos idênticos entre candidatos, inclusive nos erros, mesmo quando realizavam provas de tipos diferentes.
4. Quanto cobravam, como recebiam e como lavavam o dinhei

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