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Justiça manda PM para área de conflito e indígenas temem violência, diz Cimi

27/10/2025 14:22 Campo Grande News - Política

Por determinação da Justiça Federal de Dourados, a PMMS (Polícia Militar de Mato Grosso do Sul) atua na área de litígio entre indígenas e fazendeiros em Caarapó – a 273 km de Campo Grande. No fim de semana, por intervenção do DOF (Departamento de Operações de Fronteira), os guarani-kaiowá que haviam entrado na Fazenda Ipuitã decidiram recuar e voltaram para o acampamento Guyraroká. Nesta madrugada, segundo a comunidade, equipes do Batalhão de Choque chegaram ao local. O Cimi (Conselho Indigenista Missionário) informou em nota que vai recorrer da decisão judicial considerada arbitrária e contraditória. Indígenas denunciam estar sofrendo violência policial e temem que a situação se agrave com a chegada de mais policiais ao local. “O plantão judicial determinou ‘a expedição de ofício urgente’ ao Comando da PM para que se desloque ‘imediatamente’ ao local. Nesta segunda-feira (27), os guarani e kaiowá confirmaram que a tropa de choque chegou ao local ao amanhecer. Ocorre que as forças de segurança pública estaduais estão no local desde o início da retomada, em 21 de setembro, acumulando investidas violentas contra os indígenas. Considerando a decisão arbitrária e contraditória, uma vez que se trata de questão indígena e, portanto, de competência da Justiça Federal, a defesa dos guarani e kaiowá interporá recurso. Para a defesa, a Justiça não determina a reintegração de posse (a classe da decisão foi assim designada)”, diz a nota.  Ainda de acordo com o Cimi, desde o dia 21 de setembro, quando a sede da fazenda foi ocupada pelos indígenas, a Força Nacional está na área. O temor é que, com a chegada da PM, haja abusos por parte das tropas. “No sábado (25), os indígenas relataram que se dirigiram à sede da fazenda, onde um conflito se iniciou. Segundo os Guarani e Kaiowá, homens armados a serviço dos fazendeiros provocaram focos de incêndio, o que escalonou o conflito – felizmente, sem vítimas. A Força Nacional de Segurança Pública deslocou-se ao local, evitando a atuação do DOF. Após negociação, os indígenas retiraram-se da sede da fazenda ainda no sábado”, completa a nota da entidade que representa a comunidade Guyraroká. Para o Cimi, “a decisão guarda semelhanças com o caso da TI (Terra Indígena) Nhanderu Marangatu, em Antônio João (MS), quando a Justiça também determinou a presença da PM – convertida em uma espécie de segurança privada – na antiga Fazenda Barra. Durante a retomada do território, um atirador da polícia assassinou Neri Guarani e Kaiowá com um tiro na cabeça”. Por meio da assessoria de imprensa, a Polícia Militar de Mato Grosso do Sul informou que está cumprindo ordem judicial. “Temos ciência da determinação judicial e a PM está cumprindo com suas equipes da melhor forma possível, primando pela segurança de todos os envolvidos”. Denúncias – Matias Rempel, coordenador do conselho indigenista, afirma que apesar do clima tenso, a famílias indígenas aguardam pacificamente a chegada de comissão interministerial nesta segunda-feira (27). “É importante ressaltar que os guarani e kaiowá esperam a demarcação desta área há três décadas, sempre com muita paciência e sofrendo violações por parte dos fazendeiros. A retomada aconteceu há um mês e a comunidade tem denunciado que vem sofrendo com intervenção ilegal da polícia”.  Rempel explicou ainda que a ocupação da sede da fazenda foi “medida defensiva” tomada pelos indígenas que identificaram o local como “polo de organização” para ataques contra o acampamento, mas “depois de perceberem que o Estado está movimentando uma tropa grande, a comunidade deixou a sede sem resistência e voltou para a retomada”. A expectativa é que providências sejam tomadas a partir da visita da comissão do governo federal. “A comitiva interministerial estará hoje à tarde no local e fará a escuta da comunidade, que vai denunciar mais uma vez a violência policial e o envenenamento da comunidade”.  De acordo com os guarani, propositalmente, agrotóxicos usados nas plantações da fazenda também são pulverizados contra o acampamento, adoecendo crianças e idosos.  A Fazenda Ipuitã fica em território que teve 11,4 mil hectares reconhecidos como posse indígena em 2009, mas cuja demarcação foi anulada pelo STF (Supremo Tribunal Federal) em 2014, com base na tese do marco temporal. Hoje, cerca de 50 hectares são ocupados pelas famílias indígenas.  Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .

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