
Justiça absolve réu em caso do “tribunal do crime” que carbonizou dois homens
O Tribunal do Júri da 2ª Vara de Campo Grande absolveu, nesta quarta-feira (15), Cezar Augusto Rocha Gonçalves, acusado de participar de uma organização criminosa ligada ao PCC (Primeiro Comando da Capital). Ele respondia apenas por esse crime e foi inocentado por maioria de votos dos jurados, que aceitaram a versão da defesa de que Cezar não fazia parte da facção. Segundo o processo, o MPE (Ministério Público Estadual) denunciou o acusado por supostamente integrar o grupo criminoso antes de julho de 2023. A promotora de Justiça Luciana do Amaral Rabelo pediu a condenação de Cezar, enquanto o defensor público Nilson da Silva Geraldo sustentou que ele não tinha envolvimento algum com o PCC. Ao final, o juiz Aluizio Pereira dos Santos, presidente do Tribunal do Júri, seguiu a decisão dos jurados e absolveu Cezar por falta de provas. O magistrado também determinou que fosse expedido alvará de soltura, ou seja, a ordem para que o acusado fosse colocado em liberdade. Também deveria ter sido julgado nesta sessão Cleber Laureano Rodrigues Medeiros, mas ele não compareceu e não foi representado por advogado, embora tenha sido intimado. Diante disso, o juiz decidiu separar o julgamento de Cleber do julgamento de Cezar e informou a ausência à OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), para que o órgão tome as providências cabíveis. Um defensor público foi nomeado para acompanhá-lo quando o caso voltar a julgamento. Outros réus e vítimas — O processo é parte de uma ação penal do MPE que envolve outros seis acusados: Ewerton Machado Alves, Diogo Guilherme da Silva Firmino, Cristiago Nunes Dutra, Tiago Ferreira da Silva, Cleber Laureano Rodrigues Medeiros e Felipe de Lima Ferreira. Esses réus respondem por crimes graves, como duplo homicídio qualificado, tentativas de homicídio, destruição de cadáver, sequestro e cárcere privado, além de participação em organização criminosa. As vítimas citadas na denúncia são Thiago Brumatti Palermo, Marcelo dos Santos Vieira, Benjamim Pereira de Paula Santos, Fabrício Messias da Silva e Everton Larrea Negrete. De acordo com a sentença, a análise sobre os bens apreendidos e o julgamento dos demais acusados ficarão para uma nova sessão, depois que o TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) analisar os recursos ainda pendentes. A decisão foi assinada e publicada em plenário. Corpos carbonizados e o “tribunal do crime” do PCC: Encontrados carbonizados dentro de um carro, no dia 24 de julho de 2023, em Campo Grande, Thiago Brumatti Palermo, de 30 anos, e Marcelo dos Santos Vieira, de 45, foram vítimas do chamado “tribunal do crime” do PCC. A dupla teria sido executada após tentar enganar integrantes da facção, trocando 40 quilos de cocaína por placas de gesso. Além deles, outros três homens também foram condenados à morte naquele mesmo dia, mas conseguiram escapar. Os corpos de Thiago e Marcelo foram encontrados dentro de um Ford Fiesta, na Avenida Wilson Paes de Barros, no Bairro São Conrado, área conhecida como trilheiro e usada, segundo a polícia, como ponto de desova. Investigação - Após a localização dos corpos, a DHPP (Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa) iniciou as investigações. As apurações se estenderam até os estados do Paraná e de São Paulo, revelando a existência de uma organização criminosa envolvida no tráfico de drogas em larga escala. De acordo com o delegado Carlos Delano, responsável pelo caso na época, o grupo pegava a droga na fronteira, armazenava em Campo Grande e depois enviava para São Paulo. “Thiago e Marcelo eram responsáveis por guardar a droga em uma casa alugada no Jardim Los Angeles e preparar a carga para o transporte”, explicou o delegado. O que levou à execução foi a tentativa da dupla de enganar a facção. “Eles trocaram 40 quilos de cocaína, de uma carga que passava de 100 quilos, por placas de gesso”, detalhou Delano. Marcelo precisava vender a droga e pediu ajuda a dois outros homens que não sabiam da troca. No dia 22 de julho, integrantes da facção sequestraram Thiago e o levaram para uma casa no Jardim Itamaracá. Mais tarde, chegaram Marcelo e os homens envolvidos no furto da droga. Segundo o delegado, um dos líderes passou a desconfiar de mais um homem presente e decidiu julgá-lo também. Na madrugada de sábado para domingo, os cinco foram levados para outro imóvel no Bairro São Conrado, onde ocorreram os julgamentos do chamado “tribunal do crime”. “Na noite de domingo, Thiago foi morto por estrangulamento com uma corda e colocado no porta-malas de um carro. Os dois que furtaram a droga foram amarrados e também colocados no porta-malas. Já Marcelo foi deixado no banco de trás, amarrado, mas ainda vivo”, relatou o delegado. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais .
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