
Indústria de cosméticos suspeita é alvo de operação que rastreia metanol
Em Mato Grosso do Sul, indústrias de cosméticos e de fertilizantes são os alvos da Operação Alquimia, que busca rastrear o metanol, substância encontrada recentemente em bebidas alcoólicas, altamente tóxica, e que tem causado mortes em várias partes do país. A ação é feita por agentes da Polícia Federal, Receita Federal, ANP (Agência Nacional do Petróleo) e do Mapa (Ministério da Agricultura e Pecuária). As ordens judiciais foram cumpridas em 24 empresas de cinco estados brasileiros. Em MS, as ações se concentraram em Campo Grande, Dourados e Caarapó. Na superintendência da Polícia Federal na Capital, agentes federais chegaram nesta manhã com documentos em malotes logo após cumprirem mandados em uma indústria localizada na Vila Albuquerque, a Brasq Química. A empresa em questão define-se como atuante na fabricação de produtos químicos, linhas automotiva, domiciliar, agrícola e industrial. Também atua no comércio atacadista de cosméticos; produtos de perfumaria; higiene, limpeza e conservação domiciliar. Segundo apurado pelo Campo Grande News, a empresa está "praticamente abandonada". A investigação aponta que ela recebia uma grande quantia de metanol, mas atuava mais para "esquentar notas". Uma testemunha contou que o prédio da Brasq Química está abandonado há muito tempo. "Só ficam o guarda e dois cachorros. Até estranhei quando vi o carro da Polícia Federal hoje. Os policiais entraram e ficaram um tempão. Depois saíram, tiraram foto e foram embora. O guarda foi levado num outro carro". A testemunha afirma que nunca viu nada funcionando no local. "De vez em quando vêm uns caminhões, aqueles de combustíveis. Uma vez, por curiosidade, cheguei a perguntar a um motorista e ele disse que vinha carimbar notas", disse ao Campo Grande News. Em Dourados, uma empresa de fertilizantes foi alvo, mas nada irregular encontrado. Em Caarapó também há informações de que os trâmites estavam regulares. Alvos - As 24 empresas selecionadas para as coletas de elementos e amostras foram escolhidas com base no potencial de envolvimento na cadeia do metanol, desde a importação da substância até sua possível destinação irregular. Entre os alvos estão importadores, terminais marítimos, empresas químicas, destilarias e usinas. Investigação - A investigação apura uma cadeia de falsificação de bebidas com metanol, substância altamente tóxica, que tem causado mortes e casos de intoxicação em várias partes do país. O objetivo é rastrear o caminho do metanol, confirmar se há ligação entre os materiais apreendidos hoje e amostras já analisadas pela Polícia Federal e pela ANP. As equipes envolvidas também recolhem amostras para análise no INC (Instituto Nacional de Criminalística), em Brasília, que vai cruzar os resultados com laudos anteriores para mapear a rota do produto ilegal. Desdobramento - A Operação Alquimia é um desdobramento das operações Boyle e Carbono Oculto, que revelaram um esquema de adulteração de combustíveis com metanol. Há fortes indícios de que esse combustível adulterado esteja sendo utilizado na fabricação clandestina de bebidas alcoólicas, configurando uma cadeia de irregularidades com alto potencial de risco à saúde pública. A Operação Boyle foi conduzida para apurar possíveis casos de adulteração de combustíveis por meio da utilização de metanol. A partir da análise do material apreendido, surgiu a Operação Carbono Oculto. A Operação Carbono Oculto revelou um esquema que consistia na compra de metanol importado por empresas químicas regulares que o repassavam a empresas de fachada. Essas, por sua vez, desviavam o produto para postos de combustível, onde o metanol era adicionado de forma ilícita à gasolina comercializada ao consumidor final. Riscos - De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), em bebidas alcoólicas, o metanol deve estar presente em níveis inferiores a 0,1%. Considerando que se trata de uma substância altamente tóxica, mesmo o percentual máximo de 0,5% permitido em combustíveis já seria suficiente para causar graves danos à saúde. Por esse motivo, é proibido o uso de combustíveis na fabricação de bebidas alcoólicas. Receba as principais notícias do Estado pelo Whats. Clique aqui para acessar o canal do Campo Grande News e siga nossas redes sociais.
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