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Garimpo ilegal impulsiona destruição em terra indígena líder de desmatamento no Brasil

24/10/2025 21:00 O Globo - Rio/Política RJ

O garimpo ilegal impulsionou a destruição na Terra Indígena (TI) Sararé, em Mato Grosso, que foi líder de desmatamento no ano passado. A atividade criminosa devastou 53% da área impactada em 2023 e 2024 Os dados foram revelados por estudo do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam), com base em dados disponibilizados pelo Projeto de Monitoramento do Desatamento na Amazônia Legal por Satélite (Prodes).
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No ano passado, a área desmatada para o garimpo cresceu 6,5 vezes (2 mil hectares a mais) em relação ao ano anterior, quando 394 hectares foram desmatados. A área impactada, que quadriplicou em 365 dias, pode ser “resultado do aumento da pressão dessa atividade ilegal associado à fiscalização insuficiente” no período, segundo o Ipam.
Os dados mostram que, das quatro bacias hidrográficas da TI, somente uma não foi atingida pelo garimpo — cenário que amplia as chances de contaminação por mercúrio do povo Nambikwara, que habita a região.
De acordo com o estudo, ao se olhar para o período entre 2022 e 2023, o garimpo responde por 80% da retirada de vegetação na TI. Por utilizar mercúrio, a atividade é mais nociva à saúde humana e ao meio ambiente que a mineração mecanizada, apesar de ambas serem ilegais em TIs.
— Um ponto de preocupação dos dados é o avanço do garimpo nas fontes de água da terra indígena. Restou apenas uma bacia hidrográfica não atingida pela atividade, o que pode expor o povo Nambikwara a um nível de contaminação tão grave quanto ao enfrentado pelo povo Munduruku e Yanomami. É preciso agir o quanto antes para evitar esse cenário — explica Rafaella Silvestrini, pesquisadora do Ipam.
A pesquisa também indica que, do total, 16% das crianças indígenas da terra indígena Munduruku sofreram problemas de desenvolvimento neurológico em consequência da contaminação por garimpo. Segundo Silvestrini, a invasão garimpeira pode ter impulsionado invasões com outros propósitos, já que em 2024 o desmatamento por outros usos (que não o garimpo) teve a maior alta desde 2008.

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